domingo, 3 de setembro de 2017

Uma experiência com fisioterapia em circuito de treinamento

Prezados Colegas e alunos
Espero que estejam bem e com saúde!

A postagem hoje será para apresentar a nossa a experiência em Fisioterapia no Formato de Circuito de Treinamento (FCT). Realizamos um vídeo de uma sessão de FCT para que vocês possam começar pensar no assunto e tentar experimentar com seus pacientes.

veja o nosso vídeo aqui:



ou acesse pelo youtube:https://www.youtube.com/watch?v=Y9FYUGehXko

Hemiparéticos apresentam baixos níveis de atividade física chegando a níveis menores que a metade do verificado em sedentários adultos tanto em ambientes hospitalares como na comunidade. Estes  baixos níveis de aptidão são comuns nesses indivíduos, podendo ter a condição cardiorrespiratória 50% do valor em pessoas saudáveis. Quando o nível de aptidão é baixo as atividades físicas e funcionais podem ficar limitadas. 

A FCT é um método de reabilitação e pode ser utilizado em hemiparéticos e o seu principal componente é a prática de tarefas repetitivas. Esta terapia leva a melhora da mobilidade de  membros superiores, inferiores e tronco  e pode ser empregada tanto em hospital como em clínicas e ambulatórios e tem capacidade para elevar os níveis de atividade física de hemiparéticos.

A FCT é composta por um conjunto de atividades específicas e progressivas, de tal forma que cada participante busca sua capacidade máxima, permitindo que seja um modelo terapêutico que pode ser adicional a fisioterapia convencional ou ser a terapia principal. É um método que não necessita de altos custos para o sistema de saúde, além de promover maior interação social. O formato desta terapêutica fornece um ambiente ideal para a aprendizagem motora, além de minimizar os efeitos decorrentes da inatividade, reduzir os riscos que levam a alterações cardiovasculares prejudiciais e melhorar o condicionamento cardiorrespiratório.

A FCT difere da fisioterapia convencional, principalmente devido a configuração de grupo com mais de dois participantes por terapeuta além disso, as sessões são focadas na repetição e progressão contínua de exercícios funcionais em estações de trabalhos dispostos sequenciadas.

A FCT apresenta  características importantes de um treinamento físico e os exercícios podem ocorrer com os pacientes sentados em uma cadeira ou andando sobre obstáculos, segurando objetos, andando rápido em um círculo, dentre outras. A terapia envolve pacientes geralmente com um grau semelhante de habilidade funcional. A duração pode ser o mesmo tempo de uma terapia convencional, cabendo apenas dividir o tempo da sessão pelo número de estações incluindo o deslocamento entre elas. Esse treinamento pode afetar positivamente a autoestima, a motivação e os relacionamentos.

A pérola fisioterapêutica desta postagem norteia-se em:

A fisioterapia no formato de circuito pode ser adotada por fisioterapeutas, pois aumenta o leque terapêutico para hemiparéticos melhorando a habilidade motora e a qualidade de vida. Ela é praticada em grupo mas pode ser realizada individualmente.

Por hoje é isto!
Espero que você possa pensar neste assunto e fazer suas considerações deixando um comentário e compartilhando este post.

Um abraço fisioterapêutico.
Augusto Cesinando

Sugestão de bibliografia
English CK, Hillier SL, Stiller KR, Warden-Flood A. Circuit class therapy versus individual physiotherapy sessions during inpatient stroke rehabilitation: a controlled trial. Arch Phys Med Rehabil. 2007 Aug;88(8):955-63.

English C, Hillier S. Circuit class therapy for improving mobility after stroke: a systematic review. J Rehabil Med. 2011 Jun;43(7):565-71. doi: 10.2340/16501977-0824.



domingo, 18 de junho de 2017

Qual é a velocidade inicial de um esteira para um hemiparético?

Prezados colegas fisioterapeutas e alunos

Espero que estejam bem e com saúde!

A minha postagem hoje é sobre o treino de marcha de hemiparéticos na esteira.

Hemiparéticos normalmente tem uma vida sedentária e pouco condicionamento físico, devido às alterações trazidas pelo déficit de movimento e função e isto pode aumentar o risco de recidiva de um outro acidente vascular cerebral (AVC), aumentar o risco de quedas, reduzir a participação de atividades sociais e familiares além de aumentar a dependência de outras pessoas.

Os hemiparéticos que atingem uma deambulação independente, porém podem apresentar redução de velocidade, distância percorrida, instabilidade postural, contribuindo ainda mais para a condição de sedentarismo e por isso surge a necessidade de treinamento físicos específicos para melhorar estas condições físicas e funcionais.

Frequentemente as sessões de fisioterapias tem suas bases em princípios do desenvolvimento neuro evolutivos que não apresentam estímulos suficientes para aumentar a desempenho cardiorrespiratório pós AVC.

O treino de marcha em esteira, realizado em intensidades variadas da frequência cardíaca de reserva, tem sido realizado como uma intervenção para aumentar a performance motora e a condição cardiorrespiratória de hemiparéticos, apesar das deficiências residuais, assimetrias e limitações nas atividades.

Para melhorar a performance motora de hemiparéticos crônicos há a necessidade de estabelecer parâmetros de treinamentos de maior intensidade cardiorrespiratória em centros de reabilitação para diminuir a condição de sedentarismo e melhorar assim diversos aspectos de sua saúde.

Antes de pensarmos em treinamento aeróbio precisávamos estabelecer parâmetros do treino inicial de marcha fora das barras paralelas e portanto, nossa primeira dúvida foi qual seria velocidade que deveríamos colocar na esteira para iniciar o treino de marcha dos nossos hemiparéticos.



Para tanto realizamos Teste de velocidade de marcha de 10 metros (TV10M) que é um teste quantitativo simples para avaliar a marcha e consiste em andar em velocidade habitual em um corredor de pelo menos 14 metros, onde o tempo necessário para percorrer os 10 metros centrais é registrado por meio de um cronômetro digital, sendo desconsiderados os dois metros iniciais e finais.

A seguir realizamos o Teste de Esforço (TES) para verificar a tolerância que os hemiparéticos tinham em relação ao exercício e à fadiga. Neste teste os hemiparéticos caminhavam num corredor de 30 metros sinalizado, onde eram estimulados constantemente pelo terapeuta até solicitarem para interromper a caminhada devido ao cansaço Este teste foi estabelecido, pois tínhamos a intenção de iniciarmos treinamentos de 30 minutos de esteira.

Na presença de sinais e sintomas como tontura, falta de ar, alteração brusca de frequência cardíaca ou dores intensas, finalizavámos o teste independente da ausência de fadiga.

Durante os testes verificávamos os parâmetros cardiorrespiratórios (pressão arterial, frequência cardíaca e saturação de O2), em repouso e no final do teste. A frequência cardíaca monitorada constantemente para evitar que se ultrapassasse a frequência cardíaca máxima (FCM) determinada pela fórmula para aqueles que não utilizavam beta bloqueadores:

FCM: 220 - IDADE


Como calculamos a velocidade que os hemiparéticos realizaram os dois testes?

A partir da distância percorrida sobre o tempo gasto para a execução dos testes. Após o teste, verifica-se a distância percorrida e o tempo gasto para sua realização e a partir disto, calcula-se a velocidade da marcha utilizando a fórmula:

Velocidade: distancia /tempo

Como queríamos investigar qual seria a velocidade inicial de uma esteira para melhorarmos a performance motora funcional da marcha ou iniciar um treinamento aeróbio de hemiparéticos crônicos após os testes calculamos a velocidade de cada um. Portanto cada hemiparético tinha sua própria velocidade inicial de esteira.



Os resultados do nosso estudo mostraram velocidades semelhantes entre o TV10M e TES. Os resultados de TV10M não revelaram o tempo de tolerância que os hemiparéticos tinham ao exercício contínuo da marcha devido a própria característica do teste.

Já com TES pudemos obter além o tempo de tolerância, a distância percorrida e consequentemente a velocidade da marcha. Neste teste muitos pacientes não deambulavam muitos minutos demonstrando claramente a falta de condicionamento físico revelando uma vida sedentária.

Vários trabalhos demonstram treinamento de marcha de hemiparéticos na esteira com duração de 20 a 60 minutos em diferentes intensidades. Os parâmetros de treinamento devem ser estudados para serem estabelecidos progressivamente e com segurança.

O TES se revelou é um importante e instrumento para avaliar hemiparéticos cujo objetivo for treino enquanto que o TV10M pode ser utilizado para iniciar a adaptação do treino de marcha na esteira.

A pérola fisioterapêutica desta postagem norteia-se em:

O treina de marcha em esteira pode estar associado a fisioterapia convencional e a velocidade desta esteira pode ser estabelecida com o teste de caminhada de 10 metros. O tempo de duração do treino pode estabelecido a partir do teste esforço.

Por hoje é isto!
Espero que vocês possam pensar neste assunto, utilizarem em seus pacientes e fazerem suas considerações deixando um comentário e compartilhando este post.

Um abraço fisioterapêutico.
Augusto Cesinando

===

Esta postagem está baseada no trabalho Como determinar a velocidade inicial da esteira no treinamento aeróbio de hemiparéticos crônicos? publicado na Revista Acta Fisiatr. 2016;23(1):12-15 cujos autores são: Augusto Cesinando de Carvalho, Fernanda Contri Messali, Roselene Modolo Regueiro Lorençoni, Fabricio Eduardo Rossi, Lucia Martins Barbatto, Tania Cristina Bofi, Fabiana Araujo Silva4, Luiz Carlos Marques Vanderlei.