Prezados colegas fisioterapeutas e
alunos
Espero que estejam
bem e com saúde!
A minha postagem
hoje é sobre o treino de marcha de
hemiparéticos na esteira.
Hemiparéticos normalmente tem
uma vida sedentária e pouco condicionamento físico, devido às alterações
trazidas pelo déficit de movimento e função e isto pode aumentar o risco de
recidiva de um outro acidente vascular cerebral (AVC), aumentar o risco de
quedas, reduzir a participação de atividades sociais e familiares além de aumentar
a dependência de outras pessoas.
Os hemiparéticos que atingem
uma deambulação independente, porém podem apresentar redução de velocidade,
distância percorrida, instabilidade postural, contribuindo ainda mais para a condição de sedentarismo e por isso
surge a necessidade de treinamento físicos específicos para melhorar estas condições
físicas e funcionais.
Frequentemente as sessões de
fisioterapias tem suas bases em princípios do desenvolvimento neuro evolutivos que
não apresentam estímulos suficientes para aumentar a desempenho
cardiorrespiratório pós AVC.
O treino de marcha em esteira,
realizado em intensidades variadas da frequência cardíaca de reserva, tem sido realizado
como uma intervenção para aumentar a performance motora e a condição
cardiorrespiratória de hemiparéticos, apesar das deficiências residuais,
assimetrias e limitações nas atividades.
Para melhorar a performance
motora de hemiparéticos crônicos há a necessidade de estabelecer parâmetros de
treinamentos de maior intensidade cardiorrespiratória em centros de
reabilitação para diminuir a condição de sedentarismo e melhorar assim diversos
aspectos de sua saúde.
Antes de pensarmos em treinamento aeróbio precisávamos estabelecer
parâmetros do treino inicial de marcha fora das barras paralelas e portanto, nossa
primeira dúvida foi qual seria
velocidade que deveríamos colocar na esteira para iniciar o treino de marcha
dos nossos hemiparéticos.
Para tanto realizamos Teste de velocidade de marcha de 10 metros (TV10M) que
é um teste quantitativo simples para avaliar a marcha e consiste em andar em
velocidade habitual em um corredor de pelo menos 14 metros, onde o tempo
necessário para percorrer os 10 metros centrais é registrado por meio de um
cronômetro digital, sendo desconsiderados os dois metros iniciais e finais.
A seguir realizamos o Teste de Esforço (TES) para verificar a tolerância que os hemiparéticos tinham em relação
ao exercício e à fadiga. Neste teste os hemiparéticos caminhavam num corredor
de 30 metros sinalizado, onde eram estimulados constantemente pelo terapeuta
até solicitarem para interromper a caminhada devido ao cansaço Este teste foi
estabelecido, pois tínhamos a intenção de iniciarmos treinamentos de 30 minutos
de esteira.
Na presença de sinais e
sintomas como tontura, falta de ar, alteração brusca de frequência cardíaca ou
dores intensas, finalizavámos o teste independente da ausência de fadiga.
Durante os testes verificávamos
os parâmetros cardiorrespiratórios (pressão arterial, frequência cardíaca e saturação
de O2), em repouso e no final do teste. A frequência cardíaca monitorada
constantemente para evitar que se ultrapassasse a frequência cardíaca máxima
(FCM) determinada pela fórmula para aqueles que não utilizavam beta bloqueadores:
FCM: 220 - IDADE
Como calculamos a velocidade que os hemiparéticos realizaram
os dois testes?
A partir da distância
percorrida sobre o tempo gasto para a execução dos testes. Após o teste, verifica-se a distância percorrida e o
tempo gasto para sua realização e a partir disto, calcula-se a velocidade da
marcha utilizando a fórmula:
Velocidade: distancia /tempo
Como queríamos investigar qual seria a
velocidade inicial de uma esteira para melhorarmos a performance motora
funcional da marcha ou iniciar um treinamento aeróbio de hemiparéticos crônicos
após os testes calculamos a velocidade de cada um. Portanto cada hemiparético
tinha sua própria velocidade inicial de
esteira.
Os resultados do nosso estudo mostraram velocidades
semelhantes entre o TV10M e TES. Os resultados de TV10M não revelaram o tempo
de tolerância que os hemiparéticos tinham ao exercício contínuo da marcha
devido a própria característica do teste.
Já com TES pudemos obter além o tempo de
tolerância, a distância percorrida e consequentemente a velocidade da marcha. Neste
teste muitos pacientes não deambulavam muitos minutos demonstrando claramente a
falta de condicionamento físico revelando uma vida sedentária.
Vários trabalhos demonstram treinamento de
marcha de hemiparéticos na esteira com duração de 20 a 60 minutos em diferentes
intensidades. Os parâmetros de treinamento devem ser estudados para serem estabelecidos
progressivamente e com segurança.
O TES se revelou é um importante e instrumento
para avaliar hemiparéticos cujo objetivo for treino enquanto que o TV10M pode
ser utilizado para iniciar a adaptação do treino de marcha na esteira.
A pérola
fisioterapêutica desta postagem norteia-se em:
O treina de marcha em
esteira pode estar associado a fisioterapia convencional e a velocidade desta
esteira pode ser estabelecida com o teste de caminhada de 10 metros. O tempo de
duração do treino pode estabelecido a partir do teste esforço.
Por hoje é isto!
Espero que vocês possam pensar neste assunto, utilizarem em seus pacientes e fazerem suas
considerações deixando um comentário e compartilhando este post.
Um abraço
fisioterapêutico.
Augusto Cesinando
===
Esta
postagem está baseada no trabalho Como determinar a velocidade
inicial da esteira no treinamento aeróbio de hemiparéticos crônicos? publicado na Revista Acta Fisiatr. 2016;23(1):12-15 cujos
autores são: Augusto Cesinando de Carvalho, Fernanda Contri
Messali, Roselene Modolo Regueiro Lorençoni, Fabricio Eduardo Rossi, Lucia
Martins Barbatto, Tania Cristina Bofi, Fabiana Araujo Silva4,
Luiz Carlos Marques Vanderlei.
Que interessante! Fica um treino individualizado. Vou realizar na minha clinica. Posso utilizar o Tugt tb como avaliação?
ResponderExcluirolá ... o importante é vc somar a metragem (ex: 15 vezes os 13 metros) que ele andou e o tempo gasto para aplicar a fórmula da velocidade ... tanto a metragem como o tempo serão parâmetros para comparar pós um período de treinamento, mostrando para ele a evolução do treinamento. A velocidade calculada é melhor do que uma velocidade aleatória. Alguns pacientes não se mantém na velocidade calculada porque é constante e por isso as vezes diminuímos nas primeiras sessões tentando alcançar os valores progressivamente. Isto se deve pq a esteira tem velocidade constante ... O TUGT não é legal para calcular pq tem a parte do teste que é sentado ...ele poderá ser utilizado como parâmetro de avaliação funcional e depois ser comparado após um treino de semanas
ResponderExcluirOi pro. Tenho hemiparesia direita desde 2014. O neurologista recomendou para mim exercícios aeróbicos. E agora?
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