Prezados Alunos e Colegas Fisioterapeutas
Espero que estejam bem e com saúde!
A minha postagem hoje será sobre as expectativas do paciente e da
família sobre o tratamento.
Quando recebemos um paciente em nossas clínicas e
consultórios, para uma avaliação devemos pensar que ele e sua família têm uma expectativa
sobre o tratamento e a doença.
Muitos deles não tiveram nenhuma explicação sobre a
patologia e seu prognóstico.
Todo profissional deveria esclarecer ao paciente e sua família
as características da doença, sua evolução e o prognóstico, além disso, quais avaliações
e procedimentos terapêuticos serão utilizados.
Diante disto, os itens abaixo descreverão aspectos que podem ser considerados neste processo de avaliação e tratamento do paciente em nossas clínicas:
Diante disto, os itens abaixo descreverão aspectos que podem ser considerados neste processo de avaliação e tratamento do paciente em nossas clínicas:
1-Desorientação diante do diagnóstico
O paciente tem o direito de saber sobre sua doença e
como ela ocorreu em seu organismo.
Há necessidade de esclarecer como ocorre os sinais e
sintomas, quais estruturas foram lesadas e como estas estruturas se apresentam
durante o processo de lesão e a forma que ela se recupera.
Muitos pacientes não têm conhecimento do processo
patológico e criam fantasmas sobre a doença. Todavia, algumas famílias optam
pelo sigiloso da doença ou pedem para que o terapeuta não mencione nada sobre o
prognóstico.
Cabe ao terapeuta perceber se o paciente está preparado
para conversar sobre o assunto. Por isso, deve-se perguntar para o paciente se ele
quer discutir o assunto, cabe ao terapeuta decidir a quantidade do conteúdo e o
melhor momento.
2-
Despersonalização do paciente
Muitos pacientes passaram suas vidas trabalhando e
sendo bastante ativos e donos de suas próprias decisões.
Após a lesão eles passam ser tratados como crianças e o
próprio terapeuta utiliza termos que reforçam este comportamento de cuidadores e
familiares:
“ ... vou pegar
sua mãozinha, ... seu pezinho, ... toma
a sua aguinha”
Cabe ao terapeuta orientar cuidadores e familiares que
este comportamento deve ser mantido tão somente se o mesmo ocorria antes da lesão,
pois isto pode redimensionar a concepção que o paciente tem da sua própria doença.
O que o paciente precisa é de respeito, cuidado e
carinho.
Tratar disto com a família e os cuidadores é um processo
complexo e delicado e cabe ao terapeuta avaliar o melhor momento para discutir.
Quando for abordar o assunto deve fazer com cuidado, pois a família pode estar
muito fragilizada e num processo de adoecimento muito intenso.
O terapeuta deve considerar o encaminhamento para um psicólogo.
3-
Considerar a possibilidade de não obter a cura
O terapeuta precisa analisar qual é o melhor momento
para informar o prognóstico. Muitos pacientes chegam em nossas clínicas e
consultórios sem o prognóstico de seus médicos e as famílias criam expectativas
de funcionalidades que não vão existir.
É muito comum famílias chegarem com seus familiares
após um acidente vascular grave, uma lesão medular completa, uma paralisia
cerebral querendo saber quando vão andar, mexer a mão, correr dentre outras
funcionalidades.
É importante saber o que o paciente e sua família conhecem
sobre o prognóstico e o que o médico disse para eles.
Já recebi pacientes que lhes foram dadas esperanças falsas
e fantasiosas.
Dar a nossa opinião com cuidado baseados na ciência, na
casuística é muito importante para não criarmos um transtorno profissional e
pessoal.
Ser co-responsável com o médico pode ser uma atitude saudável
e diante da divergência do prognóstico, o interessante é solicitar a informação
oficial para o clínico responsável pela informação.
4-
O desconforto da incapacidade
A incapacidade é um sintoma muito angustiante. O terapeuta
precisa ser solidário ao seu paciente e aos familiares.
A incapacidade encontra obstáculos funcionais e
estruturais/arquitetônicos.
Raras famílias e residências estão preparadas para
receber um paciente com uma deficiência. O terapeuta precisa orientar a família
sobre o assunto e ajudá-los cria soluções práticas para ter uma vida mais
adequada.
Cabe ao terapeuta solicitar um terapeuta ocupacional
para coordenar o assunto.
Muitos pacientes trazem sintomas de formigamento,
amortecimento, dor, ansiedade e até desespero diante da incapacidade. Quanto
mais este paciente for orientado da sua condição incapacitante, melhor será o
processo de adaptação e poderá ocorrer de forma mais rápida, independentemente
do prognóstico.
Cabe ao terapeuta em conjunto com seu paciente buscar
soluções de adaptações diante da incapacidade.
5-
O impulso de animar o paciente e sua família
Familiares podem não ter a dimensão da incapacidade do
paciente e julgar que estímulos excessivos (positivos e negativos) poderão
facilitar o processo de recuperação.
Muitos destes familiares não têm conhecimento suficiente
para entender os sinais e sintomas e que os mesmos independem da vontade do
paciente.
Muitos dos meus pacientes relatam que familiares querem
que eles reajam e tenham comportamentos anteriores a sua doença, como andar rápido,
fazer trabalhos na casa, não curvar-se para frente, não tremer, não arrastar a
perna, etc.
Cabe ao terapeuta esclarecer que alguns sinais e
sintomas das doenças podem ser amenizados e até desaparecer enquanto que outros
podem permanecer para sempre e ou progredir.
Além disso, deverá orientar que os exercicios de casa
são importantes para que estes sinais e sintomas sejam controlados ou até
eliminados.
O terapeuta também deverá orientar que a família deve
criar um ambiente que proporcione condições de uma vida funcional mais fácil,
mesmo quando a carência econômica é alta.
6-
Conhecer as capacidades funcionais
O paciente com incapacidade muitas vezes tem um suporte
tão grande que impede que ele tenha ou busque uma vida funcional.
Muitos dos meus pacientes relatam passar grande parte
do dia sentado em sofás em frente à televisão e que todas as refeições são
realizadas ali.
Cabe ao terapeuta colher do paciente as atividades que
ele executa durante 24 horas e co-responsabilizá-lo do seu sedentarismo, além
disso, propor uma mudança de comportamento com atividades que ele deve executar
ao longo do dia.
As tarefas devem estimular suas capacidades funcionais
existentes e progressivamente exigir novas competências. Sobre este item destaca-se
ainda:
O terapeuta dever criar intervenções
para aumentar a auto confiança do paciente:
a) fazer o indivíduo enfrentar e vencer uma situação
que é vista como ameaçadora;
b) apresentação de um modelo a ser seguido – exemplo:
ver outros hemiplégicos realizando exercícios pode aumentar a confiança;
c) convencer o indivíduo de que é capaz de realizar a
atividade;
d) executar testes que permitam a identificação do
nível de capacidade atual e propor objetivos a serem alcançados;
e) dar esclarecimento da realidade que deverá ser
trabalhada, através de discussões sobre a incapacidade, sobre o medo da
discriminação, da valorização excessiva das perdas funcionais dentre outros
assuntos.
A pérola fisioterapêutica desta postagem norteia-se em:
O conhecimento da nova realidade física funcional do paciente
após uma lesão é responsabilidade do terapeuta e pode ser considerada como uma abordagem
fisioterapêutica importante para melhorar a habilidade motora e a qualidade de
vida do paciente.
Por hoje é isto!
Espero que você possa pensar neste assunto, utilizar em seus
pacientes e fazer suas considerações deixando um comentário e compartilhando
este post.
Um abraço fisioterapêutico.
Augusto Cesinando