Prezados Colegas e alunos
Espero que estejam bem e com saúde!
A minha postagem hoje será sobre a prática de tarefas orientadas em fisioterapia em grupo no
formato de circuito de treinamento.
A reabilitação visa reduzir a incapacidade para otimizar o
desempenho de tarefas diárias, todavia muitos pacientes apresentam deficiências
motora funcionais crônicas. Muitas pessoas podem caminhar de forma
independente; no entanto, apenas uma pequena proporção pode andar com
velocidade suficiente e resistência para habilitar-se a caminhar efetivamente
na sua comunidade.
A intensificação da atividade física impulsiona a
recuperação funcional após um acidente vascular cerebral (AVC), e há fortes
evidências de que quanto mais tempo se gasta em terapia específica para a tarefa melhores resultados funcionais
serão alcançados. Além disso, muitas repetições de tarefas específicas têm mostrado facilitar positivamente a
neuroplasticidade em sobreviventes de AVC.
Métodos terapêuticos que forneçam uma quantidade
maior da terapia baseada em tarefas
específicas na recuperação funcional são bem aceitos. A fisioterapia em grupo no formato de circuito de
treinamento (FGCT) é um
modelo de terapia com tarefas
específicas e tem demonstrado ser um meio muito eficaz e com uma boa relação
custo benefício(1, 2).
Fornecer terapia para tarefas específicas
a grupos de hemiparéticos tem sido proposto como um método de aumentar a
quantidade de tempo que as pessoas passam ativamente empenhados numa tarefa.
Outros benefícios da terapia de grupo incluem o apoio dos pares e interrelação
social bem como a economia de custos para o sistema de saúde.
Após estudos
estabelecemos um modelo de FGCT no Centro de Estudos e Atendimentos em
Fisioterapia e Reabilitação (CEAFIR) na UNESP, campus de Presidente Prudente.
A FGCT é
composto de estações são espaços montados com graus de dificuldades diferentes
na realização do exercício. São utilizados bastões, cadeiras, escada e rampa,
cones, mapas de sinalização na construção das estações.
A figura abaixo
apresenta as tarefas específicas das
estações 1, 3 e 4.
1ª Estação: Paciente sentado numa cadeira com as mãos
entrelaçadas deve fazer flexão de ombro com flexão completa de tronco até tocar
ao chão em seguida fazer a rotação de tronco.
3ª Estação: Paciente em pé com as mãos entrelaçadas deve
fazer a flexão completa de ombro esticando uma corda elástica.
4ª Estação: Paciente em pé segurando
uma barra deve baixar até próximo ao chão, tornozelos.
A figura abaixo
apresenta as tarefas específicas das
estações 2, 5 e 6.
2ª Estação: Três círculos de 15 cm formando um triângulo são
colados na parede a 120 cm do chão. O paciente deve tocar cada círculo com as mãos
entrelaçadas.
5ª Estação: Três círculos de 15 cm formando um triângulo são
colados na parede no chão. O paciente deve tocar cada círculo utilizando um
bastão com as mãos entrelaçadas. O paciente deve ficar o mais distante
possível.
6ª Estação: Três círculos de 15 cm formando um triângulo são
colados na parede a 220 cm do chão. O paciente deve tocar cada círculo
utilizando um bastão com as mãos entrelaçadas.
A figura abaixo
apresenta as tarefas específicas das
estações 7, 8, 9 e 10.
7ª Estação: Um espaldar em frente ao paciente. Na posição
ortostática numa das barras o paciente fazer a dorsoflexão e flexão plantar.
8ª Estação: Uma barra paralela Na posição ortostática
segurando na barra o paciente deve andar lateralmente pulando cada obstáculo no
chão.
9ª Estação: Uma escada de madeira com 5 degraus que termina
numa plataforma de 90 x 90 cm e seguida inicia uma rampa de 6 graus de
inclinação. O paciente deve subir pela escada e descer pela rampa e vice versa.
10ª Estação: Um bastão e dois círculos pregados
no chão. O paciente em pé segurando um bastão com as mãos entrelaçadas faz o
movimento de rotação de tronco acertando cada círculo.
No início de cada sessão de FGCT são
distribuídos cartões com o número da estação que cada hemiparético irá iniciar a
sua atividade. A distribuição ocorre para ter uma melhor organização da
dinâmica, além de estimular a cognição, a organização pessoal e a noção
espacial. São alocados no máximo 2 pacientes em cada estação.
As estações podem ser mudadas de
posição para melhorar a capacidade de resolução de problemas espaciais.
O tempo em que os hemiparéticos ficam em cada estação é de 2
minutos e ao final trocam de estações, ou seja, quem estava na estação número 1
é encaminhado para a estação número 2 e assim sucessivamente. Todo esse
processo ocorre durante 1 hora e cada paciente passa pela mesma estação mais de
uma vez. O fisioterapeuta pode introduzir a contagem do número de repetições,
além pode dar um tempo de descanso entre as estações.
A FGCT é
considerada um programa de intervenção terapêutica adaptada com foco na prática
de tarefas específicas funcionais
fornecida a mais de 2 participantes com semelhante ou diferentes graus de
capacidade funcional.
O
interessante desta terapia é que ela desenvolve a responsabilidade do hemiparético
coordenar seu movimento e a qualidade do mesmo, além da oportunidade de se comparar
com o seu parceiro de estação.
O progresso dos
participantes deve ser continuamente monitorado com escalas de avaliações e
atividades são adaptadas conforme necessário.
A progressão do
grau de dificuldade pode ser realizada periodicamente. Cada estação pode ser elaborada
pelo fisioterapeuta para atender a demanda dos seus pacientes.
A experiência alcançada com este modelo terapêutico nos
permite afirmar que os hemiparéticos
apresentam-se motivados durante as atividades propostas e demonstram satisfeitos
com a terapia, pois participam efetivamente durante das tarefas, além disso, o
tratamento proporciona uma interação social entre hemiparéticos e também pode
ser interpretado como um estímulo durante esta a prática de exercícios
funcionais repetidas vezes.
Podemos inferir
que os hemiparéticos tem uma maior possibilidade de melhorar a
mobilidade e autonomia funcional. Os exercícios utilizados durante as terapias parecem
exigir mais fisicamente do que àqueles utilizados durante as terapias
convencionais. Além disso, é um espaço terapêutico seguro, viável e
aplicável em hemiparéticos crônicos,
que pode ser oferecido ao paciente no
momento da alta da fisioterapia convencional, dando lhe a oportunidade de se manterem
ativos e de se adaptarem às suas limitações, evitando a progressão das suas
incapacidades e sedentarismo.
A pérola fisioterapêutica desta postagem norteia-se em:
A fisioterapia em grupo no formato de circuito de treinamento de
tarefas específicas é uma possibilidade a mais que o fisioterapeuta tem para
oferecer aos seus pacientes para melhorar a habilidade motora e a qualidade de
vida do paciente.
Por hoje é isto!
Espero que você possa pensar neste assunto, utilizar em seus
pacientes e fazer suas considerações deixando um comentário e compartilhando
este post.
Um abraço fisioterapêutico.
Bibliografia sugerida:
1.
Dean CM, Richards CL, Malouin F. Task-related circuit
training improves performance of locomotor tasks in chronic stroke: a
randomized, controlled pilot trial. Arch Phys Med Rehabil. 2000
Apr;81(4):409-17
2.
English C, Hillier S. Circuit class therapy for
improving mobility after stroke: a systematic review. J Rehabil Med. 2011
Jun;43(7):565-71.
3. English C,
Bernhardt J, Crotty M, Esterman A, Segal L, Hillier S. Circuit class therapy or
seven-day week therapy for increasing rehabilitation intensity of therapy after
stroke (CIRCIT): a randomized controlled trial. Int J Stroke. 2015
Jun;10(4):594-602.
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