Prezados Colegas e alunos
Espero que estejam bem e com saúde!
A minha postagem hoje será sobre a experiência com um treino de dança
com parkinsonianos.
Doença de
Parkinson (DP) é uma doença neuro degenerativa e progressiva que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Estima-se que 1-2% da população mundial
apresenta a DP, podendo estes valores chegar a aproximadamente 8%, quando
analisados idosos institucionalizados. É uma doença crônica e
acomete mais frequentemente pessoas com idade entre 50 a 70 anos.
Os sinais e sintomas da DP são: a) bradicinesia,
que consiste na diminuição dos movimentos espontâneos, especialmente os
automáticos; b) rigidez muscular; c) tremor de repouso, que desaparece ao
movimento voluntário; e d) instabilidade postural; d) fraqueza muscular; e) déficit
na marcha, com pequenos passos e sem movimentos dos membros superiores; f)
déficit de equilíbrio dentre outros. Estes déficits contribuem para a redução e
perda da independência e autonomia na realização das atividades da vida diária,
maior risco de quedas, osteoporose, doenças cardiovasculares e inatividade
física.
A dança tem sido apresentada
como uma forma de exercício para as pessoas com DP, especialmente para aqueles
que são recém-diagnosticados ou que têm gravidade leve a moderada. A dança pode
ter um impacto positivo, pois estimula a mobilidade, o equilíbrio e a
coordenação, melhora a iniciação de movimentos, além de reduzir os sintomas
depressivos e estimular a socialização.
A dança muitas vezes
envolvem tarefas que desafiam a coordenação e flexibilidade do corpo, ela exige uma
ampla gama de qualidades de movimento, e dependendo do estilo altera a postura e pode desencadear um processo mudança de estrutura do corpo dando uma maior
estabilidade e funcionalidade.
O medo de cair é muito comum
e pode causar diminuir auto estima e aumentar a ansiedade, e a dança pode ajudar melhorar a auto confiança.
A Associação Americana de
Terapia de Dança define a terapia com dança como ''a utilização
psicoterapêutica do movimento para promover a integração emocional, cognitivo, físico
e social do indivíduo'' e, portanto a dança é uma ferramenta terapêutica para
parkinsonianos e pode ser visto como uma forma alternativa de atividade
física e exercício físico.
Diversos mecanismos podem
influenciar o sistema músculo esquelético a partir da dança. A exemplo disto
foi observado o aumento da atividade dos gânglios da base, particularmente o
putâmen de bailarinos amadores de tango e este aumento poderia melhorar a
capacidade funcional de parkinsonianos.
Existem estudos que
mostraram que tango é um gênero de dança benéfico para as pessoas com DP, pois reduz
a gravidade do comprometimento motor, melhora o equilíbrio, a mobilidade
funcional e resistência física a participação e qualidade de vida. O tango é tido
com um bom modelo porque estimula o equilíbrio dinâmico, a iniciação do movimento,
as múltiplas direções, variações rítmicas e velocidade o que não pode ser
evidenciado tão claramente em outras formas. A literatura não contra indica
outros gêneros, pois o benefício da dança inclui a cultura têm um significado
adicional para as pessoas.
A maior parte da literatura demonstra
que 1 hora de dança é um tempo interessante, porém é necessário mais estudos
para confirmar. Além disso, a frequência de aulas semanais pode ser uma
consideração importante. Mais do que uma aula por semana pode ser necessário
para ser obter melhores resultados. Os estudos demonstra duração de
intervenções de dança de 2 semanas a 12 meses. Intervenções duração mais longa
podem ser mais benéficas, com melhoras. Os diferentes estágios da DP vão demonstrar
respostas e resultados diferentes.
Diante deste cenário teórico
resolvemos treinar a dança em nossos pacientes com um determinando gênero musical. No
primeiro encontro nos reunimos numa sala e apresentamos a ideia/projeto de treinarmos
durante 3 meses, duas vezes por semana durante 15 minutos após a fisioterapia
em grupo. Discutiu-se ainda que no final deste período faríamos um vídeo para
que fosse exposto na internet. Neste encontro apresentamos o vídeo original que
treinaríamos e os prováveis passos que executaríamos no nosso projeto.
Vídeo - resultado final do treino com dança:
Vídeo - resultado final do treino com dança com canto associado:
Cada passo foi apresentado de forma segmentada a cada sessão de fisioterapia em grupo. A música somente era introduzida após a compreensão do passo. A cada sessão treinava se o passo anterior antes de introduzir o novo passo. No final do período todos os passos estavam treinados e a coreografia montada. Antes da filmagem foram confeccionadas camisetas e entregues a cada participante. Aqueles que quiseram participar da filmagem assinaram a autorização da divulgação das imagens.
Cada passo foi apresentado de forma segmentada a cada sessão de fisioterapia em grupo. A música somente era introduzida após a compreensão do passo. A cada sessão treinava se o passo anterior antes de introduzir o novo passo. No final do período todos os passos estavam treinados e a coreografia montada. Antes da filmagem foram confeccionadas camisetas e entregues a cada participante. Aqueles que quiseram participar da filmagem assinaram a autorização da divulgação das imagens.
Os pacientes tratados neste
grupo são avaliados periodicamente, todavia este projeto não visou avaliar a
melhora motora funcional neste período e sim qualificar melhor o processo terapêutico.
O exemplo disto é que estes mesmos pacientes estão treinando outra música com
outros passos.
A experiência é enriquecedora e neste projeto pode-se observar as
dificuldades na aquisição dos movimentos propostos e a evolução de muitos
deles, além da satisfação e bem estar que o projeto gerou tanto nos pacientes como nos alunos e professores.
Este projeto foi organizado pelas
alunas de graduação em fisioterapia Ana Luisa Bodstein, Daniela Lari Chedid,
Fabiana Araujo Silva e Samira Pinas sob a coordenação dos Prof. Dr. Augusto
Cesinando de Carvalho e Lúcia Martins Barbatto do curso de graduação em fisioterapia da FCT-UNESP, campus de Presidente Prudente, SP.
A pérola fisioterapêutica desta postagem norteia-se em:
A fisioterapia em grupo ou individual associada a dança pode ser
adotada por fisioterapeutas, pois aumenta o leque de informações sensórios
motoras aos parkinsonianos melhorando a habilidade motora e a qualidade de vida.
Por hoje é isto!
Espero que você possa pensar neste assunto, utilizar em seus
pacientes e fazer suas considerações deixando um comentário e compartilhando
este post.
Um abraço fisioterapêutico.
Augusto Cesinando
Sugestão de bibliografia
1.McNeely ME, Duncan RP, Earhart GM. A
comparison of dance interventions in people with Parkinson disease and older
adults. Maturitas. 2015 May;81(1):10-6.
2.Shanahan J, Morris ME, Bhriain ON,
Saunders J, Clifford AM. Dance for people with Parkinson disease: what is the
evidence telling us? Arch Phys Med Rehabil. 2015 Jan;96(1):141-53.
3.McGill A, Houston S, Lee RY. Dance for
Parkinson's: a new framework for research on its physical, mental, emotional,
and social benefits. Complement Ther Med. 2014 Jun;22(3):426-32.
Estimado Prof. Cesinando, muito interessante & produtivo este trabalho. Fico honrada em saber, que meu pai, faz parte de tal grupo: tão dinâmico e empreendedor! Muito sucesso e reconhecimento em vossas caminhadas! Abraço fraterno. Ana Cachefo.
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