Prezados Colegas
Fisioterapeutas, Alunos e Pacientes
Espero que estejam bem!
A minha postagem hoje será sobre o
exercício para a pessoa com Esclerose Múltipla
No dia 30 de agosto comemoraremos o Dia Nacional de
Conscientização sobre a Esclerose Múltipla (EM) que é uma doença auto-imune,
desmielinizante e que afeta aproximadamente 2,3 milhões de pessoas em todo o
mundo. As medicações atuais têm
contribuído para a melhoria dos cuidados de saúde, bem como, têm ajudado mais
pacientes a permanecerem estáveis em sua doença, e consequentemente, viverem
mais tempo. Todavia, o declínio da função ainda ocorre ao longo do tempo e na
maioria das pessoas, por essa razão, desenvolve uma incapacidade física
permanente. Sendo assim, a progressão da doença e os danos resultantes
comprometem a qualidade vida.
A Fisioterapia tem como objetivo compensar as
deficiências sensório-motoras e para tanto alguns aspectos precisam ficar
evidentes para a pessoa com EM durante o tratamento.
No dia 25 de agosto de 2018, no Hospital Regional de
Presidente Prudente foi realizado um evento com pessoas com EM e seus
familiares para celebrar o Dia Nacional de Conscientização
sobre a Esclerose Múltipla que ocorrerá dia 30 deste mês.
Neste
evento apresentei numa mesa redonda uma aula a partir minha experiência, dos meus estudos e dos questionamentos
dos pacientes na prática clínica. Destaquei a importância do exercício em forma
de perguntas e respostas que considerei importante:
Paciente: Por que eu
tenho que fazer exercícios quando tenho esclerose múltipla?
Fisioterapeuta:
Todas as pessoas precisam fazer
exercício independentemente de ter ou não uma doença. O exercício melhora a
flexibilidade muscular, a mobilidade articular, a condição cardiorrespiratória,
dentre outros benefícios.
O corpo humano foi projetado
para realizar movimentos e quando ele fica muito tempo parado apresentará
prejuízos como encurtamentos, flacidez muscular e acúmulo de gordura. Portanto,
o sedentarismo é muito prejudicial ao corpo humano.
A EM causa déficits importantes
ao longo do tempo e quanto mais sedentário você for maior será as consequências
da doença no seu corpo.
Paciente: Quais são as
características da esclerose múltipla que o exercício pode ajudar?
Fisioterapeuta:
Quando se faz exercícios o
corpo precisa reagir porque sempre trabalhamos as deficiências desencadeadas
pela doença. Portanto, o exercício melhora a força e a flexibilidade muscular,
o equilíbrio e a coordenação, condicionamento cardiorrespiratório e diminui a
fadiga e o risco de queda.
Cada dificuldade funcional que
a EM causa deve ser trabalhada utilizando exercícios que simulem esta
dificuldade tais como, por exemplo, levantar e sentar de uma cadeira, subir
escadas. Quando não se faz exercício o corpo não reage, se mantem com a dificuldade
e, portanto as dificuldades se mantêm.
Paciente: Quando eu devo
parar de fazer exercícios?
Fisioterapeuta:
Todas as pessoas com ou sem EM
devem fazer exercícios diariamente. O Colégio Americano de Medicina do Esporte
preconiza que temos que andar 10.000 passos por dia e fazer exercícios 3 a 5
vezes por semana. Portanto, não pode-se parar de fazer exercícios.
Muitas vezes a pessoa com EM
tem um grau de fadiga importante que faz com se desanime e pare temporariamente
a prática de exercícios. Entretanto, isto é errado, porque quando a pessoa para
de fazer exercícios perde-se muito do que se ganhou no período de treinamento.
Paciente: As vezes acho que os exercícios não alteram nada em minha vida.
Fisioterapeuta:
Este sentimento é comum. Às
vezes a pessoa com EM não percebe as mudanças que o exercício faz em seu corpo
porque acredita que ficará sem nenhum sinal e sintoma da EM.
O exercício faz pequenas
mudanças no corpo que se soma ao longo tempo, além disso, previne perdas
funcionais causadas pela EM.
Paciente: Devo fazer
exercícios quando estou cansado?
Fisioterapeuta:
O cansaço (fadiga) é uma das
características da EM. Não se pode deixar de fazer exercício quando se sente
cansado ou fadigado, porém deve-se respeitar e diminuir a intensidade, a
quantidade de exercício ou e também o número de dias de exercício.
Após o exercício não pode
sentir-se esgotado ou com dor, pois isto é um sinal de excesso de trabalho
podendo causar prejuízos funcionais. Adicionalmente, deixar de fazer exercício
a cada estado de cansaço pode diminuir muito a qualidade e o resultado do
exercício.
Paciente: Quais os
tipos de exercícios eu posso fazer?
Fisioterapeuta:
Não há uma clara proibição para
um modelo de exercício, todavia qualquer modalidade de exercício deve ocorrer
após uma avaliação adequada utilizando critérios para medir as disfunções e as
capacidades, com o objetivo de fazer um acompanhamento adequado.
As altas intensidades de
exercícios com uma grande sobrecarga de peso, muitas repetições e dias por
semana pode desencadear lesões muscular, ligamentares, articulares e dores,
portando a intensidade deve ser moderada.
Observa-se trabalhos
científicos com treino em esteira, pilates, fortalecimento muscular, natação demonstrando
os benefícios do exercício devidamente ministrado.
Não fazer nenhuma modalidade de
exercício leva ao sedentarismo e suas complicações. Fazer exercícios de alta
intensidade, de muitas repetições causa lesão, fadiga e dor.
Paciente: Devo fazer
exercício individual ou num grupo?
Fisioterapeuta:
Ambas as formas são
recomendadas, todavia dependendo da evolução da EM você pode não acompanhar as
atividades propostas no grupo, e portanto a terapia individual torna-se mais
recomendada porque é elaborada especificamente para atender suas necessidades.
As terapias em grupo
normalmente trabalham funcionalidade e dão oportunidades de conviver com
pessoas na mesma situação permitindo as trocas de experiências. Pode-se também
fazer as duas modalidades.
O primeiro vídeo demonstra um momento de
fisioterapia em grupo no modelo de circuito de treinamento onde cada
participante trabalha uma funcionalidade em estações separadas e ao comando
troca de estação. O segundo vídeo demonstra um trabalho de coordenação, equilíbrio, memória e respiração utilizando o canto e a dança.
vídeo 1
vídeo 1
vídeo 2
Paciente: Porque devo fazer exercícios em casa?
Paciente: Porque devo fazer exercícios em casa?
Fisioterapeuta:
Normalmente as pessoas com EM
fazem sessões de 30 a 50 minutos de fisioterapia, 2 ou 3 vezes por semana e os
demais dias você podem realizar os exercícios recomendados em sua casa, e por
isso podendo treinar ainda mais seu corpo.
Fazer exercícios em casa requer
treino, disposição e tempo para você cuidar de você. O corpo reage somente
quando os estímulos são repetitivos. O seu fisioterapeuta pode elaborar uma
cartilha de exercícios complementares ou os mesmo que você pratica durante as
suas sessões.
Paciente: Quando devo
adaptar minha casa ?
Fisioterapeuta:
Muitas vezes as pessoas recebem
o diagnóstico de EM já apresentavam alguns sinais da doença, como dificuldade
de andar e desequilíbrio e nestes casos a adaptação deve ser imediata.
As adaptações podem ser
progressivas conforme os sinais vão surgindo. Algumas delas são retirar os
tapetes evitando as quedas, colocação de barras de apoio no box do banheiro, assento
fixo para lavar os pés, portas toalhas e suporte para xampu
fixo e de fácil acesso, bucha
com cabo alongamento para auxiliar lavar as costas, tapete emborrachado dentro
do box para não escorregar na espuma, manter uma luz acesa a noite para iluminar o
acesso ao banheiro, elevar a cama para facilitar o ficar em pé,
poltronas e sofás confortáveis e com braços e assento alto para facilitar o
sentar e o levantar.
O terapeuta ocupacional é o profissional preparado
para dar as orientações necessárias para facilitar melhor suas funcionalidades.
Paciente: Quando devo usar uma bengala ou
andador?
Fisioterapeuta:
Usar ou não uma bengala ou andador é uma decisão
conjunta com o seu fisioterapeuta, todavia muitas pessoas com EM tem
dificuldade de aceitar o uso acreditando que as pessoas irão identifica-los
como doentes.
Quando o risco de queda é alto essa decisão deve ser
tomada o mais rápido possível porque uma fratura óssea pode trazer muitas
complicações. A adaptação da bengala pode ocorrer dentro de casa e se estender
para as casas de pessoas mais próximas e assim a pessoa com EM perceberá a
importância do acessório para sua segurança.
Paciente: O que eu faço quando os
exercícios frustram as minhas expectativas?
Fisioterapeuta:
A EM é uma doença incapacitante e tem seu curso
natural que pode ser controlado com a medicação, os exercícios e demais
atividades propostas por outros profissionais da equipe.
Quanto mais a pessoa com EM participar de forma
correta do seu tratamento, buscando conhecimento da doença com os
profissionais, esclarecendo as pessoas ao seu redor menor será a sua frustração.
A psicologia é fundamental para o entendimento e
aceitação das consequências da EM.
A pérola fisioterapêutica desta postagem norteia-se em:
O fisioterapeuta precisa estar sempre esclarecendo a importância
do exercício para a pessoa com EM para que a adesão ao tratamento seja boa e
constante e com isso pode-se obter um melhor resultado no tratamento.
Por hoje é isto!
Espero que você possa pensar neste assunto e fazer suas
considerações deixando um comentário e compartilhando este post.
Um abraço.
Augusto Cesinando
Bibliografia
Recomendada
Halabchi, F.,
Alizadeh, Z., Sahraian, M.A., Abolhasani, M.,Exercise prescription for patients
with multiple sclerosis; potential benefits and practical recommendations. BMC
Neurol. 2017 Sep 16;17(1):185. doi: 10.1186/s12883-017-0960-9.
Oi Augusto! Parabéns pelas postagens! Muito bom.
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