domingo, 22 de junho de 2014

Fortalecimento muscular em hemiparéticos

Prezados Colegas,
Espero que estejam bem e com saúde!

Esta é minha segunda postagem sobre fisioterapia neurológica. Quando se inicia o atendimento de um hemiparético se faz necessário considerar diversos aspectos, por isso, vou ponderar alguns deles:

O tempo de lesão:

Diversos autores descrevem que o período de melhora funcional ocorre nos primeiros seis meses e pode estender até um ano, depois deste período, o paciente entra em uma fase de estabilização e a melhora torna-se muito discreta.

Diante disto, o paciente e sua família devem se esforçar muito para obter o máximo das habilidades/capacidades motoras perdidas pelo acidente vascular encefálico (AVE). A prática domiciliar dos exercícios aprendidos durante as sessões de fisioterapia deve ocorrer diariamente e o fisioterapeuta deve enfatizar a importância destes exercícios para o paciente e sua família, além tempo limite para uma boa recuperação da motricidade voluntária.

Perda da motricidade voluntária:

A lesão neuronal pelo AVE determina a perda/déficit de movimentos e, consequentemente, a fraqueza muscular com o encurtamento das fibras musculares e do tecido conjuntivo envoltório e por isso, tem se observado cada vez mais o fortalecimento muscular na reabilitação do hemiparético.

A mobilização passiva e a assistida são utilizadas para manter a amplitude articular, elasticidade muscular e a modulação do tônus. 

A espasticidade foi tida por muito tempo como um sinal que restringia o fortalecimento, todavia, muitos autores têm demonstrado que hemiparéticos com amplitude de movimento relativa e espasticidade moderada têm apresentado resultados motores funcionais relevantes.

É importante ressaltar que a motricidade voluntária após um AVE ocorre com a repetição de movimentos voluntários e que a introdução progressiva de carga faz parte do processo de ganho de força muscular. Ressalta-se ainda, que retirar o pé do chão para iniciar a marcha ou pegar um copo de água exige força muscular e este aspecto não pode ser desconsiderado.

As imagens abaixo demonstram o fisioterapeuta facilitando movimentos do membro superior, tronco e inferior com exercícios passivos, ativos e assistidos. Estes exercícios facilitam o ressurgimento dos movimentos pós AVE. 

O fisioterapeuta deve solicitar o máximo de atenção do paciente para que o mesmo se esforce para realizar uma contração muscular ou um movimento ainda que com pequena amplitude. Estes movimentos devem ser repetidos várias vezes numa sessão e um programa com os mesmos exercícios deve ser elaborado para proporcionar uma melhor neuroplasticidade.  


Os movimentos resistidos com corda elástica apresentados no vídeo abaixo representam um tratamento de fortalecimento numa paciente hemipáretica com boa amplitude articular e espasticidade leve na musculatura tratada (Escala de Ashworth Modificada: 1+).


Inicialmente foi realizado teste de força muscular e teste de caminhada de 10 metros e em seguida testou-se a melhor corda elástica para realizar 3 séries de 15 repetições sem que houvesse fadiga durante o tratamento ou dores no dia seguinte. A paciente foi orientada realizar os mesmo exercícios com a corda em casa. 

As avaliações periódicas estabeleceram a progressão da resistência da corda. 

Um programa de fortalecimento para os músculos dos membros superiores também foi realizado nesta paciente, todavia não estão demonstrados no filme.


 A pérola fisioterapêutica desta postagem norteia-se em:

As manobras fisioterapêuticas passivas, ativas e as assistidas devem ocorrer na fase inicial após um AVE e tão logo os movimentos ativos surjam deve-se pensar em formas de fortalecimento muscular.

Um programa de fortalecimento deve ser estudado e aplicado. As avaliações de força muscular e avaliações funcionais devem ser aplicadas. 

O paciente e sua família devem ser orientados a reproduzir em casa os exercícios  aprendidos na sessão de fisioterapia para garantir um melhor prognóstico motor funcional.

Por hoje é isto!


Espero que você possa pensar neste assunto e fazer suas considerações deixando um comentário e compartilhando o post. 
Um abraço fisioterapêutico.

domingo, 15 de junho de 2014

O aprendizado da motricidade voluntária


Prezados Colegas,
Espero que estejam bem e com saúde!

Esta é minha primeira postagem sobre fisioterapia neurológica. Quando atendemos um paciente neurológico observamos diferentes dificuldades, por isso, vou ponderar sobre a o aprendizado da motricidade voluntária de um paciente com quadriparesia por uma paralisia cerebral.

Para que o paciente aprenda um dado movimento, é preciso pensar que ele deve estar inicialmente numa posição adequada e segura, o que melhora a tonicidade muscular e por sua vez facilita a movimentação voluntária.

Quando a criança foi colocada (foto) sentada em frente a uns brinquedos, objetivaram-se os seguintes movimentos voluntários: flexão do tronco (diferentes ângulos, pois dois brinquedos em alturas diferentes foram colocados), abdução das escápulas (a criança apresenta uma retração importante devido ao encurtamento do músculo trapézio médio, flexão dos ombros, extensão dos cotovelos e movimentos de punhos e mãos para tocar os brinquedos).

Os movimentos foram solicitados com o comando “vamos pegar o brinquedo” e a partir disto, os movimentos foram facilitados, já que estes eram deficientes pela falta de força muscular (o desuso prolongado determina a fraqueza muscular mesmo em pacientes espásticos), espasticidade, seletividade e controle muscular (perda neuronal pela lesão desencadeia prejuízo na contração muscular).

Durante a atividade observou-se que, os músculos e as articulações dos membros superiores e tronco não apresentavam autonomia para mover-se sozinhos e por isso (a alteração do posicionamento do centro de gravidade, alongamento de fibras musculares, posicionamento da cabeça altera o padrão tônico muscular da criança) auxiliou-se a criança realizar os movimentos para que os brinquedos fossem tocados. Durante todo o arco de movimento foram dados comandos verbais (o comando verbal facilita o aprendizado, pois a criança tentar acionar os músculos que executam os movimentos).

Quando o brinquedo foi tocado, as mãos da criança foram abertas e o brinquedo foi colocado para que ela pudesse brincar (a criança não era capaz de abrir e fechar as mãos para manipular o brinquedo). Estes movimentos foram repetidos por várias vezes e as alterações tônicas observadas foram diminuindo com as repetições (a repetição de uma atividade é fundamental para o aprendizado do ato proposto).

Os mesmos princípios foram utilizados quando a criança foi colocada na posição de gato e em pé. A criança não era capaz de sair de uma posição para outra e, portanto, a criança foi colocada nas posições que haviam sido planejadas antes da sessão a partir da avaliação das suas necessidades.

A família foi orientada a repetir a mesma atividade “brincadeira” em casa no mínimo três vezes por semana para reforçar o aprendizado.


A pérola fisioterapêutica desta postagem norteia-se em:
As manobras fisioterapêuticas devem estar relacionadas com uma atividade funcional e devem ser repetidas várias vezes durante uma sessão terapêutica, para que o cliente e sua família sejam capazes de reproduzir em casa, oportunizando um aprendizado mais eficaz e, consequentemente, uma capacidade motora melhor.

Por hoje é isto!

Espero que você possa pensar neste assunto e fazer suas considerações deixando um comentário e compartilhando o post.
Um abraço fisioterapêutico.

sábado, 7 de junho de 2014

Bem vindos ao meu blog

Eu sou Augusto Cesinando de Carvalho – Fisioterapeuta pela Unisalesiano (Lins), Mestre em Ciências Biológicas (Biologia Molecular), Doutor Ciências (Neurociências) pela Universidade Federal de São Paulo, Pós-doutorado pela Universidade Federal de Minas Gerais e estágio Pós-doutoral na Universidade de Montreal. Atualmente sou Professor da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), Campus de Presidente Prudente/SP, ministrando as disciplinas de Patologia Geral, Psicomotricidade e Fisioterapia Neurológica. Criei este blog como ferramenta de comunicação com meus alunos e colegas fisioterapeutas para compartilhar artigos, aulas e cursos ministrados, escalas de avaliações de pacientes neurológicos, manobras fisioterapêuticas neurológicas e reflexões. Seja bem vindo!