Prezados
Colegas,
Espero que
estejam bem e com saúde!
Esta
postagem trata do porquê que um fisioterapeuta deve se preocupar com a mobilidade
responsável pela funcionalidade diária de um paciente hemiplégico.
Durante
a avaliação de um paciente deve se questionar como ele realiza os movimentos responsáveis
pelas atividades funcionais, pois é neste momento que se obtém informações do
paciente e de sua família sobre o comportamento funcional frente ao déficit de
mobilidade determinado pelo acidente vascular encefálico (AVE). O Índice de
Barthel Modificado (IBM) é uma escala que pode facilitar esta avaliação.
O
IBM dá condições de analisar a independência funcional no cuidado pessoal,
mobilidade, locomoção e cada item é pontuado de acordo com o desempenho do
paciente em realizar tarefas de forma independente, com alguma ajuda ou de
forma dependente. Uma pontuação geral é formada atribuindo-se pontos em cada
categoria, a depender do tempo e da assistência necessária a cada paciente. A
pontuação varia de 0 a 50, em intervalos de cinco pontos e as pontuações mais
elevadas indicam maior independência. A versão utilizada avalia a independência
funcional em dez tarefas: alimentação, banho, vestuário, higiene pessoal, controle
de esfíncter intestinal, controle de esfíncter vesical, uso do vaso sanitário,
transferência cadeira-cama, deambulação e escadas.
ÍNDICE DE BARTHEL MODIFICADO
1.
Alimentação
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1. Dependente. Precisa ser alimentado.
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2. Assistência ativa durante toda tarefa.
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3. Supervisão na refeição e assistência para
tarefas associadas (sal, manteiga, fazer o prato).
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4. Independente, exceto para tarefas complexas
como cortar a carne e abrir leite.
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5. Independente. Come sozinho, quando se põe a
comida ao seu alcance. Deve ser capaz de fazer as ajudas técnicas quando
necessário.
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Subtotal:
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2. Higiene
Pessoal
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1. Dependente. Incapaz de encarregar-se da
higiene pessoal.
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2. Alguma assistência em todos os passos das
tarefas.
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3. Alguma assistência em um ou mais passos das
tarefas.
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4. Assistência mínima antes e/ou depois das
tarefas.
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5. Independente para todas as tarefas como
lavar seu rosto e mãos, pentear-se, escovar os dentes, e fazer a barba.
Inclusive usar um barbeador elétrico ou de lâmina, colocar a lâmina ou ligar
o barbeador, assim como alcançá-las no armário. As mulheres devem conseguir
se maquiar e fazer penteados, se usar.
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Subtotal:
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3.
Uso do banheiro
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1. Dependente. Incapaz de realizar esta tarefa.
Não participa.
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2. Assistência em todos os aspectos das
tarefas.
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3. Assistência em alguns aspectos como nas
transferências, manuseio das roupas, limpar-se, lavar as mãos.
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4. Independente com supervisão. Pode utilizar
qualquer barra na parede ou qualquer suporte se o necessitar. Uso de urinol à
noite, mas não é capaz de esvaziá-lo e limpá-lo.
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5. Independente em todos os passos. Se for
necessário o uso de urinol, deve ser capaz de colocá-lo, esvaziá-lo e
limpá-lo.
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Subtotal:
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4.
Banho
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1. Dependente em todos os passos. Não
participa.
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2. Assistência em todos os aspectos.
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3. Assistência em alguns passos como a
transferência, para lavar ou enxugar ou para completar algumas tarefas.
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4. Supervisão para segurança, ajustar
temperatura ou na transferência.
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5. Independente. Deve ser capaz de executar
todos os passos necessários sem que nenhuma outra pessoa esteja presente.
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Subtotal:
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5.
Continência do esfíncter anal.
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1. Incontinente.
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2. Assistência para assumir a posição
apropriada e para as técnicas facilitatórias de evacuação.
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3. Assistência para uso das técnicas
facilitatórias e para limpar-se. Freqüentemente tem evacuações acidentais.
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4. Supervisão ou ajuda para por o supositório
ou enema. Tem algum acidente ocasional.
|
5. O paciente é capaz de controlar o esfíncter
anal sem acidentes. Pode usar um supositório ou enemas quando for necessário.
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Subtotal:
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6.
Continência do esfíncter vesical
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1. Incontinente. Uso de caráter interno.
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2. Incontinente, mas capaz de ajudar com um
dispositivo interno ou externo.
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3. Permanece seco durante o dia, mas não à
noite, necessitando de assistência de dispositivos.
|
4. Tem apenas acidentes ocasionais. Necessita
de ajuda para manusear o dispositivo interno ou externo (sonda ou
catéter).
|
5. Capaz de controlar seu esfíncter de dia e de
noite. Independente no manejo dos dispositivos internos e externos.
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Subtotal:
|
7.
Vestir-se
|
1. Incapaz de vestir-se sozinho. Não participa
da tarefa.
|
2. Assistência em todos os aspectos, mas
participa de alguma forma.
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3. Assistência é requerida para colocar e/ou
remover alguma roupa.
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4. Assistência apenas para fechar botões,
zíperes, amarrar sapatos, sutiã, etc.
|
5. O paciente pode vestir-se, ajustar-se e
abotoar toda a roupa e dar laço (inclui o uso de adaptações). Esta atividade
inclui o colocar de órteses. Podem usar suspensórios, calçadeiras ou roupas
abertas.
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Subtotal:
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8.
Transferências (cama e cadeira)
|
1. Dependente. Não participa da transferência.
Necessita de ajuda (duas pessoas).
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2. Participa da transferência, mas necessita de
ajuda máxima em todos os aspectos da transferência.
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3. Assistência em algum dos passos desta
atividade.
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4. Precisa ser supervisionado ou recordado de um
ou mais passos.
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5. Independente em todas as fases desta
atividade. o paciente pode aproximar da cama ( com sua cadeira de rodas ),
bloquear a cadeira, levantar os pedais, passar de forma segura para a cama,
virar-se, sentar-se na cama, mudar de posição a cadeira de rodas, se for
necessário para voltar e sentar-se nela e voltar à cadeira de rodas.
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Subtotal:
|
9.
Subir e descer escadas
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1. Incapaz de usar degraus.
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2. Assistência em todos os aspectos.
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3. Sobe e desce, mas precisa de assistência
durante alguns passos desta tarefa.
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4. Necessita de supervisão para segurança ou em
situações de risco.
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5. Capaz de subir e descer escadas de forma
segura e sem supervisão. Pode usar corrimão, bengalas e muletas, se for
necessário. Deve ser capaz de levar o auxílio tanto ao subir quanto ao
descer.
|
Subtotal:
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10.
Deambulação
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1. Dependente na deambulação. Não participa.
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2. Assistência por uma ou mais pessoas durante
toda a deambulação.
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3. Assistência necessária para alcançar apoio e
deambular.
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4. Assistência mínima ou supervisão nas
situações de risco ou período durante o percurso de 50 metros.
|
5. Independente. Pode caminhar, ao menos 50
metros, sem ajuda ou supervisão. Pode usar órtese, bengalas, andadores ou
muletas. Deve ser capaz de bloquear e desbloquear as órteses, levantar-se e
sentar-se utilizando as correspondentes ajudas técnicas e colocar os auxílios
necessários na posição de uso.
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Subtotal:
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10-A.
Manuseio da cadeira de rodas (Alternativo para deambulação)
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1.
Dependente
na deambulação em cadeira de rodas.
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2. Propulsiona a cadeira por curtas distâncias,
superfícies planas. Assistência em todo o manejo da cadeira.
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3. Assistência para manipular a cadeira para a
mesa, cama, banheiro, etc.
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4. Propulsiona em terrenos irregulares. Assistência
mínima em subir e descer degraus, guias.
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5. Independente no uso de cadeira de rodas. Faz
as manobras necessárias para se deslocar e propulsiona a cadeira por pelo
menos 50 metros.
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Subtotal:
|
Total de pontos:
|
Fontes:
1) CARRILO, M. D. V.; GARCIA, M. F.; BLANCO, I. S.
Escalas de actividade de la vida diaria. Rehabilitación. v. 28, n. 6, p.
377-388, 1994; 2) CHAGAS, E. F.
Proposta de avaliação da simetria e transferência de peso e a relação desta
condição com a atividade funcional do hemiplégico. 1999. 127f. Dissertação
(Mestrado) - Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas,
Campinas; 3) SHAH, S.; VANCLAY, F.; COOPER, B. Improving the
sensitivity of the Barthel index for stroke rehabilitation. J. Clin Epidemiol, v. 42, n. 8, p. 703-709, 1989.
Muitas
vezes observa-se que a família não permite ou protege o paciente das atividades
das quais ele é capaz ou parcialmente capaz. Muitas famílias não retornam a
rotina, como a de servir almoço na mesa da cozinha dando a alimentação na cama
ou mesmo servindo na boca, além disso, durante o banho o paciente não participa
da sua higiene, ficando ao cuidador realizar todas as tarefas. Muitos pacientes
passam a maior parte do tempo sentados em sofás em frente à televisão ou em
suas camas impedindo todas as suas experiências funcionais, podendo determinar uma
sequela irrecuperável.
O
fisioterapeuta deve lembrar a família e o cuidador que ainda que se gaste mais
tempo quando o paciente realiza as atividades, cada movimento é muito
importante para a recuperação das atividades gerais.
A
falta de experiência que uma família tem quando um parente tem um AVE é nítida,
pois as pessoas querem fazer tudo para o paciente. Isto é muito importante na
fase aguda, todavia, isto não pode perdurar por semanas, pois o retorno das funções
devem ser estimuladas já nas primeiras semanas, já que o retorno funcional deve
ocorrer nos primeiros meses.
O
medo da queda é um dos fatores que parece ser determinante para que as famílias
façam todas as atividades para o paciente, associado ao cuidado excessivo por
falta de orientação. A perda motora de um hemicorpo deve ser considerada e o
paciente realmente precisa ser protegido e auxiliado. Porém, quando se observa
o mínimo de movimentos deve-se estimular e propor tarefas e objetivos a serem
alcançados.
Durante
avaliação o fisioterapeuta deve explicar a importância de cada item avaliado e
dar orientações de como vencer os obstáculos para melhorar o déficit apresentado
com exercícios terapêuticos diários.
O
índice deve ser visto como um ótimo roteiro de orientação e o fisioterapeuta pode
criar suas atividades terapêuticas para melhorar os escores de cada item dividindo
a responsabilidade com a família e o paciente.
As
figuras ilustram alguns itens que são avaliados pelo IBM. Importante lembrar
que a terapêutica utilizada pelo fisioterapeuta objetiva dar amplitude de
movimento, força muscular, coordenação e equilíbrio para que as funções sejam
executadas da melhor forma possível.
Esta avaliação pode ser feita periodicamente com o paciente e o
cuidador, demonstrando a evolução dos resultados a cada avaliação e propondo novas
tarefas para melhorar estes valores. Além disso, quando se estuda a dificuldade
observada em cada item o fisioterapeuta pode propor exercícios que utilizem músculos
e articulações responsáveis pela melhora da execução da tarefa deficitária.
Exemplos:
1) Para se sentar num vaso sanitário é necessário ter força
muscular em flexores e extensores de quadris e joelhos, e podem ser treinados
diariamente longe do vaso sanitário;
2) A fraqueza muscular de músculos da região do ombro e escápula
podem dificultar a mobilidade necessária para a higiene pessoal. Uma vez
testada a mobilidade e a força muscular, o treinamento destes facilitará a
função;
3) O déficit de equilíbrio prejudica o ortostatismo de curto e
longo período e o treinamento específico para desta debilidade poderá melhorar
atividades funcionais.
A pérola
fisioterapêutica desta postagem norteia-se
em:
O fisioterapeuta deve fundamentar suas terapêuticas
no retorno do movimento para uma vida funcional
adequada, além de conscientizar o paciente e sua família da importância da
execução dos exercícios para o retorno funcional.
Por hoje é
isto!
Espero que
você possa pensar neste assunto e fazer suas considerações deixando um
comentário e compartilhando este post.
Um abraço
fisioterapêutico.
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