domingo, 6 de julho de 2014

Escalas Funcionais: Ferramentas norteadoras dos objetivos fisioterapêuticos

Prezados Colegas,
Espero que estejam bem e com saúde!

Esta postagem trata-se sobre a utilização de uma avaliação neurológica fisioterapêutica com um norteador do tratamento. As avaliações podem ser qualitativas ou quantitativas e se complementam. Todo resultado observado nas avaliações podem ser configurados como objetivos a serem tratados e ou esclarecidos ao paciente.

A Escala de Equilíbrio de Berg foi elaborada e validada por Katherine Berg (1989) e objetiva avaliar capacidade dos idosos manterem seu equilíbrio e a sua mobilidade em atividades de vida diária simples e fornece resultados muito preciosos.

ITENS DA ESCALA 
PONTUAÇÕES DA ESCALA 
1. POSIÇÃO SENTADA PARA POSIÇÃO EM PÉ
INSTRUÇÕES: Por favor, levante-se. Tente não usar suas mãos para se apoiar.
4. Capaz de levantar-se sem utilizar as mãos e estabilizar-se independentemente.

3. Capaz de levantar-se independentemente utilizando as mãos.
2. Capaz de levantar-se utilizando as mãos após diversas tentativas.
1. Necessita de ajuda mínima para levantar-se ou estabilizar-se.
0. Necessita de ajuda moderada ou máxima para levantar-se.
2. PERMANECER EM PÉ SEM APOIO
INSTRUÇÕES: Por favor, fique em pé por 2 minutos sem se apoiar.
4. Capaz de permanecer em pé com segurança por 2 minutos.             

3. Capaz de permanecer em pé por 2 minutos com supervisão.
2. Capaz de permanecer em pé por 30 segundos sem apoio.
1. Necessita de várias tentativas para permanecer em pé por 30 segundos sem apoio.
0. Incapaz de permanecer em pé por 30 segundos sem apoio.
3. PERMANECER SENTADO SEM APOIO NAS COSTAS, MAS COM OS PÉS APOIADOS NO CHÃO OU NUM BANQUINHO
INSTRUÇÕES: Por favor, fique sentado sem apoiar as costas com os braços cruzados por 2 minutos.
4. Capaz de permanecer sentado com segurança e com firmeza por 2 minutos.

3. Capaz de permanecer sentado por 2 minutos sob supervisão.
2. Capaz de permanecer sentado por 30 segundos.
1. Capaz de permanecer sentado por 10 segundos.
0. Incapaz de permanecer sentado sem apoio durante 10 segundos.
4. POSIÇÃO EM PÉ PARA POSIÇÃO SENTADA
INSTRUÇÕES: Por favor, sente-se.
4. Senta-se com segurança com uso mínimo das mãos.

3. Controla a descida utilizando as mãos.
2. Utiliza a parte posterior das pernas contra a cadeira para controlar a descida.
1. Senta-se independentemente, mas tem descida sem controle.
0. Necessita de ajuda para sentar-se.
5. TRANSFERÊNCIAS
INSTRUÇÕES: Arrume as cadeiras perpendicularmente ou uma de frente para a outra para uma transferência em pivô. Peça ao paciente para transferir-se de uma cadeira com apoio de braço para uma cadeira sem apoio de braço, e vice-versa. Você poderá utilizar duas cadeiras (uma com e outra sem apoio de braço) ou uma  cama e uma cadeira.
4. Capaz de transferir-se com segurança com uso mínimo das mãos.

3. Capaz de transferir-se com segurança com o uso das mãos.
2. Capaz de transferir-se seguindo orientações verbais e/ou supervisão.
1. Necessita de uma pessoa para ajudar.
0. Necessita de duas pessoas para ajudar ou supervisionar para realizar a tarefa com  segurança.
6. PERMANECER EM PÉ SEM APOIO COM OS OLHOS FECHADOS
INSTRUÇÕES: Por favor, fique em pé e feche os olhos por 10 segundos.
4. Capaz de permanecer em pé por 10 segundos com segurança.

3. Capaz de permanecer em pé por 10 segundos com supervisão.
2. Capaz de permanecer em pé por 3 segundos.
1. Incapaz de permanecer com os olhos fechados durante 3 segundos, mas mantem-se em pé.
0. Necessita de ajuda para não cair.
7. PERMANECER EM PÉ SEM APOIO COM OS PÉS JUNTOS
INSTRUÇÕES: Junte seus pés e fique em pé sem se apoiar.
4. Capaz de posicionar os pés juntos independentemente e permanecer por 1 minuto com segurança.

3. Capaz de posicionar os pés juntos independentemente e permanecer por 1 minuto com supervisão.
2. Capaz de posicionar os pés juntos independentemente e permanecer por 30 segundos.
1. Necessita de ajuda para posicionar-se, mas é capaz de permanecer com os pés juntos durante 15 segundos.
0. Necessita de ajuda para posicionar-se e é incapaz de permanecer nessa posição por 15 segundos.
8. ALCANÇAR A FRENTE COM O BRAÇO ESTENDIDO PERMANECENDO EM PÉ
INSTRUÇÕES: Levante o braço a 90º. Estique os dedos e tente alcançar a frente o mais longe possível. (O examinador posiciona a régua no fim da ponta dos dedos quando o braço estiver a 90º. Ao serem esticados para frente, os dedos não devem tocar a régua . A medida a ser registrada é a distância que os dedos conseguem alcançar quando o paciente se inclina para frente o máximo que ele consegue. Quando possível, peça ao paciente para usar ambos os braços para evitar rotação do tronco).
4. Pode avançar a frente >25 cm com segurança.

3. Pode avançar a frente >12,5 cm com segurança.
2. Pode avançar a frente >5 cm com segurança.
1. Pode avançar a frente, mas necessita de supervisão.
0. Perde o equilíbrio na tentativa, ou necessita de apoio externo.
9. PEGAR UM OBJETO DO CHÃO A PARTIR DE UMA POSIÇÃO EM PÉ
INSTRUÇÕES: Pegue o sapato/chinelo que está na frente dos seus pés.
4. Capaz de pegar o chinelo com facilidade e segurança.

3. Capaz de pegar o chinelo, mas necessita de supervisão.
2. Incapaz de pegá-lo, mas se estica até ficar a 2-5 cm do chinelo e mantém o equilíbrio independentemente.
1. Incapaz de pegá-lo, necessitando de supervisão enquanto está tentando.
0. Incapaz de tentar, ou necessita de ajuda para não perder o equilíbrio ou cair.
10. VIRAR-SE E OLHAR PARA TRÁS POR CIMA DOS OMBROS DIREITO E ESQUERDO ENQUANTO PERMANECE EM PÉ
INSTRUÇÕES:  Vire-se para olhar diretamente atrás de você por cima do seu ombro esquerdo sem tirar os pés do chão.  Faça o mesmo por cima do ombro direito. (O examinador poderá pegar um objeto e posicioná-lo diretamente atrás do paciente para estimular o movimento)
4. Olha para trás de ambos os lados com uma boa distribuição do peso.

3. Olha para trás somente de um lado, o lado contrário demonstra menor distribuição do peso.
2. Vira somente para os lados, mas mantém o equilíbrio.
1. Necessita de supervisão para virar.
0. Necessita de ajuda para não perder o equilíbrio ou cair.
11. GIRAR 360 GRAUS
INSTRUÇÕES: Gire-se completamente ao redor de si mesmo. Pausa. Gire-se completamente ao redor de si mesmo em sentido contrário.
4. Capaz de girar 360 graus com segurança em 4 segundos ou menos.

3. Capaz de girar 360 graus com segurança somente para um lado em 4 segundos ou menos.
2. Capaz de girar 360 graus com segurança, mas lentamente.
1. Necessita de supervisão próxima ou orientações verbais.
0. Necessita de ajuda enquanto gira.
12. POSICIONAR OS PÉS ALTERNADAMENTE NO DEGRAU OU BANQUINHO ENQUANTO PERMANECE EM PÉ SEM APOIO
INSTRUÇÕES: Toque cada pé alternadamente no degrau/banquinho.  Continue até que cada pé tenha tocado o degrau/banquinho quatro vezes.
4. Capaz de permanecer em pé independentemente e com segurança, completando 8 movimentos em 20 segundos.

3. Capaz de permanecer em pé independentemente e completar 8 movimentos em > 20 segundos.
2. Capaz de completar 4 movimentos sem ajuda.
1. Capaz de completar >2 movimentos com o mínimo de ajuda.
0. Incapaz de tentar, ou necessita de ajuda para não cair.
13. PERMANECER EM PÉ SEM APOIO COM UM PÉ À FRENTE
INSTRUÇÕES: (DEMONSTRE PARA O PACIENTE) Coloque um pé diretamente à frente do outro na mesma linha, se você achar que não irá conseguir, coloque o pé um pouco mais à frente do outro pé e levemente para o lado.
4. Capaz de colocar um pé imediatamente à frente do outro, independentemente, e permanecer por 30 segundos.

3. Capaz de colocar um pé um pouco mais à frente do outro e levemente para o lado, independentemente, e permanecer por 30 segundos.
2. Capaz de dar um pequeno passo, independentemente, e permanecer por 30 segundos.
1. Necessita de ajuda para dar o passo, porém permanece por 15 segundos.
0. Perde o equilíbrio ao tentar dar um passo ou ficar de pé.
14. PERMANECER EM PÉ SOBRE UMA PERNA
INSTRUÇÕES: Fique em pé sobre uma perna o máximo que  você puder sem se segurar
4. Capaz de levantar uma perna independentemente e permanecer por >10 segundos.

3. Capaz de levantar uma perna independentemente e permanecer por 5-10 segundos.
2. Capaz de levantar uma perna independentemente e permanecer por  ≥ 3 segundos.
1. Tenta levantar uma perna, mas é incapaz de permanecer por 3 segundos, embora permaneça em pé independentemente.
0. Incapaz de tentar, ou necessita de ajuda para não cair.

ESCORE TOTAL (Máximo = 56):


INSTRUÇÕES GERAIS:
1- Por favor, demonstrar cada tarefa e/ou dar as instruções como estão descritas.  Ao pontuar, registrar a categoria de resposta mais baixa, que se aplica a cada item. 2- Na maioria dos itens, pede-se ao paciente para manter uma determinada posição durante um tempo específico. Progressivamente mais pontos são deduzidos, se o tempo ou a distância não forem atingidos, se o paciente precisar de supervisão (o examinador necessita ficar bem próximo do paciente) ou fizer uso de apoio externo ou receber ajuda do examinador. Os pacientes devem entender que eles precisam manter o equilíbrio enquanto realizam as tarefas. 3- Os equipamento necessários para realizar os testes são um cronômetro ou um relógio com ponteiro de segundos, uma régua ou outro indicador de: 5; 12,5 e 25 cm. As cadeiras utilizadas para o teste devem ter uma altura adequada. Um banquinho ou uma escada (com degraus de altura padrão) podem ser usados para o item 12.

A escala revela as dificuldades do indivíduo manter-se em equilíbrio em várias posições: a) estar sentado e levantar-se, b) ser capaz de sentar-se, c) fechar os olhos enquanto se mantém de pé, d) colocar o pés juntos enquanto se mantém de pé, e) inclinar para frente dentre outras.

A escala é composta por 14 exercícios que devem ser executados pelo indivíduo e avaliado pelo terapeuta recebendo de 0 (atividade deficitária) a 4 pontos (atividade sem dificuldade). A quantidade de pontos varia de 0 a 56 e pode ser utilizada para avaliar o progresso dos indivíduos a partir da comparação dos pontos obtidos nas avaliações.

Indivíduos que apresentam valores inferiores a 45 pontos estão sujeitos às quedas e, portanto, a escala é uma ferramenta para determinar uma atenção observada. As figuras demonstram alguns dos itens da escala.


É importante ressaltar que a escala permite que o terapeuta saiba exatamente qual atividade que o indivíduo teve um desempenho inadequado e a partir disto, pode organizar exercícios que melhorem a capacidade funcional evitando desequilíbrios ou quedas.
Para executar uma atividade, como por exemplo, levantar de uma cadeira para sentar noutra, pegar um objeto no chão, colocar um pé em frente do outro, requer diversos músculos e estas atividades podem ser mensuradas. A partir das dificuldades observadas durante a avaliação com a escala o fisioterapeuta poderá trabalhar a mesma atividade deficitária como forma de exercício.
Quando um hemiparético é avaliado com uma escala como esta pode-se observar várias dificuldades que precisam ser tratadas para ter uma boa funcionalidade.

A exemplo disto veja o item 12 da Escala onde pede-se para o indivíduo POSICIONAR OS PÉS ALTERNADAMENTE NO DEGRAU OU BANQUINHO ENQUANTO PERMANECE EM PÉ SEM APOIO. Neste item pode-se observar uma dificuldade no levantar o pé parético do chão rumo ao banquinho devido uma fraqueza muscular dos flexores do quadril, extensores de joelho e tornozelo deste lado, ou ainda, quando se pede para que o mesmo exercício seja feito do lado não parético observa-se a dificuldade de manter ou transferir o peso sobre lado parético devido à fraqueza do glúteo médio deste lado. Ambos os exemplos demonstram que há uma necessidade de cuidar dos músculos responsáveis pela atividade funcional. Levantar o pé até um degrau é fundamental para uma vida funcional independente.

A família e o paciente devem ser orientados a repetir em casa os exercícios da escala que não tiveram boa pontuação, para que nas avaliações seguintes possa ser melhor avaliado. Praticar diariamente as atividades deficitárias aprimora o aprendizado e divide a responsabilidade da melhora funcional com o paciente e sua família.

A pérola fisioterapêutica desta postagem baseia-se em:

As avaliações podem ser responsáveis pelo direcionamento das manobras fisioterapêuticas e são ferramentas que devem ser utilizadas para mensurar as melhoras além de, conscientizar os objetivos do tratamento.

Por hoje é isto!
Espero que você possa pensar neste assunto e fazer suas considerações deixando um comentário e compartilhando o post.

Um abraço fisioterapêutico.

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