Prezados
Colegas,
Espero que
estejam bem e com saúde!
Esta
postagem trata do sedentarismo do paciente hemiparético.
Muitos
pessoas após um acidente vascular encefálico (AVE) tornam-se hemipáreticos com
um estilo de vida sedentário e um baixo desempenho das atividades da vida
diária. Este estilo de vida sedentária contribui para um aumento do risco de
ter um outro AVE e adquirir outras
doenças cardiovasculares.
Embora
os sobreviventes de um AVE variam o grau de funcionalidade, diversos estudos tem
encontrado baixos níveis de atividade física em hemiparéticos. Estes níveis são
menores do que a de adultos mais velhos com outras condições crônicas de saúde.
A atividade
física é definida como qualquer movimento corporal produzido pelos músculos
esqueléticos que resulta em gasto energético, enquanto que o exercício é um
subconjunto de atividades físicas planejadas, estruturadas e repetitivas. Ambos
melhoram ou mantém a aptidão física.
Há
fortes evidências de que o exercício físico após o AVE pode melhorar a aptidão
cardiovascular, capacidade de andar, a força muscular dos membros superiores e
inferiores, o equilíbrio e a participação social. Além disso, tem sido
utilizado para melhorar os sintomas
depressivos, a função executiva e memória do cérebro, a fadiga e a qualidade de
vida.
Hemiparéticos
sobreviventes de AVE podem se beneficiar do aumento da participação em
atividades físicas, a partir de uma prescrição adequada para o treinamento
físico. Portanto, fisioterapeutas precisam criar e ministrar uma programação
exercício para seus pacientes, além das manobras fisioterapêuticas clássicas
nas posições deitada, sentada e em pé.
Artigos na literatura declaram uma
lacuna de conhecimento atual em recomendações de atividade e exercício físico
na população hemiparética.
Após
um AVE recuperação total é alcançada em apenas uma pequena proporção dos
sobreviventes e observa-se limitações de atividade das tarefas diárias após os
6 meses do insulto.
O
sedentarismo é particularmente desconcertante em muitos dos hemiparéticos que tem
a capacidade de empreender maiores níveis de atividade física, mas optam por
não mudar seus estilos de vida por razões que perpassam pela (a) falta de consciência de que
exercício é viável, e importante para uma vida mais saudável; (b) dificuldade
de acesso a locais que tratem com exercícios periódicos estruturados e
progressivos, (c) influências sociais e ambientais, tais como os custos do
programa, meios de transporte, acessibilidade, apoio familiar, políticas
sociais, dentre outras razões. O estilo de vida não é uma característica isolada
e sim um conjunto de fatores.
Além
destas razões deve-se lembrar que pacientes com AVE tem uma elevada prevalência
de problemas médicos associados. Condições pré-existentes ao insulto como a hipertensão
crônica, fibrilação atrial, hiperlipidemia, obesidade, fumante, etilismo
crônico, síndrome metabólica e diabete mellitus podem ter implicações
importantes no comportamento sedentário.
Estas
condições podem criar um círculo
vicioso de diminuição da atividade e maior intolerância ao exercício, o que
leva a complicações secundárias, como a redução da aptidão
cardiorrespiratória, aumento da fatigabilidade, fraqueza muscular, osteoporose
e circulação prejudicada para as extremidades inferiores. Associado a isto, observa-se
ainda a diminuição da auto eficácia, maior dependência de outras pessoas para
as atividades da vida diária, e reduzida capacidade para interações sociais
normais que pode ter um impacto psicológico negativo profundo.
A
existência de condições cardiovasculares, antes ou depois do AVE podem atrasar
ou inibir a participação em um programa de exercícios e limitar a capacidade do
paciente de realizar atividades funcionais de forma independente. Há fortes evidências para uma clara relação
inversa entre atividade física e saúde cardiovascular.
A inatividade ao longo dos dias, das semanas e dos
meses é um dos maiores problemas relacionados com o declínio da
mobilidade pós AVE e programas que
evitem o sedentarismo, que melhorem a marcha e atividades relacionadas a
marcha são muito importantes para hemiparéticos. Estudos indicam que mesmo na fase crônica, podem ocorrer mudanças na capacidade de
andar, quando hemiparéticos são submetidos a intervenções fisioterapêuticas
específicas.
Intervenções
cardiorrespiratória ainda não fazem
parte dos programas rotineiros de centros de reabilitação neurológica e
frequentemente as terapias tem suas bases em princípios do desenvolvimento
neuro evolutivos como o conceito Bobath.
Convivendo
com nossos hemiparéticos sedentários na FCT-UNESP começamos estudar protocolos
de tratamento para implementar
nossa prática fisioterapêutica e melhorar a qualidade de vida destes pacientes.
Encontramos
diversos estudos e revisões sistemáticas demonstram que diferentes formas de treinamento, todavia não há um consenso sobre o assunto, pois existe uma diversidade
muito grande: 1) fase pós AVE ( agudo, sub agudo e crônico), 2) treinamento com ou sem a suspensão de peso, 3) treino
de caminhada com ou sem esteira, 4) intensidade do treinamento (variação de 50
a 80% da frequência cardíaca de reserva), 5) duração do treinamento (4 a 16
semanas), 6) instrumentos de avaliação (Teste de caminhada de 6min, Teste de
velocidade de marcha de 10metros, Escala de Equilíbrio de Berg, etc).
Diante deste nosso debruçar sobre a literatura
observamos que o treinamento de marcha
na esteira tem demonstrado uma ótima estratégia/ferramenta para retirar os nossos
pacientes do sedentarismo e melhorar a qualidade de vida e motricidade funcional,
todavia antes de iniciarmos o treinamento na esteira surgiram algumas perguntas que serão respondidas ao
longo das próximas postagens:
Pode-se perceber com estas perguntas que o
fisioterapeuta precisa estar preparado para alterar o comportamento sedentário e
que o processo é complexo e necessita de muita responsabilidade tanto do
terapeuta como do paciente e seus familiares.
Mudanças de tempo.
Os exercícios físicos
aeróbicos chegaram na neurologia. A figura demonstra dois pacientes sendo submetidos a um protocolo de treinamento aeróbico em estudo na FCT-UNESP.
As próximas postagens trarão maiores detalhes/respostas de cada pergunta apresentada e os diferentes protocolos existentes na literatura para você pensar, estudar e praticar com seus pacientes.
A pérola
fisioterapêutica desta postagem norteia-se
em:
A prática de exercícios aeróbicos em pacientes neurológicos tem sido cada vez mais difundida na literatura e cabe a nós fisioterapeutas quebrar os paradigmas de que o paciente neurológico não pode fazer exercícios pois aumenta o padrão espásticos e postural.
Por hoje é
isto!
Espero que
você possa pensar neste assunto e fazer suas considerações deixando um comentário
e compartilhando este post.
Um abraço
fisioterapêutico.
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