Prezados Colegas
Espero que estejam bem e com saúde!
A minha postagem hoje será sobre o fortalecimento muscular numa criança com
paralisia cerebral.
A paralisia cerebral (PC) é descrita como uma desordem no desenvolvimento do
movimento, da postural causando limitação das atividades funcionais devido a
distúrbios não progressivos do encéfalo que ocorreram durante o desenvolvimento
fetal ou na infância.
O comprometimento motor na PC é multifactorial e inclui problemas tais como
contraturas, espasticidade, deformidades ósseas, problemas de coordenação,
perda de seletiva do controle motor e a fraqueza muscular, dentre outras. A
fraqueza muscular na PC pode ter várias explicações como o déficit na ativação
neuronal e recrutamento de unidades motoras como também encurtamento muscular.
Historicamente, a espasticidade foi considerada uma deficiência primária na
PC; portanto, a redução da mesma era o foco para a melhora funcional da criança,
além disso, será pensado que os músculos espásticos estavam excessivamente
forte ou ativo e o fortalecimento não era cogitado, pois poderia aumentar o
padrão espástico.
Há muitas discussões sobre a relação entre espasticidade, força muscular e
função motora de crianças com PC, além disso, é pensado que a espasticidade é
inversamente relacionada com a função motora grossa e marcha, de modo que o
maior a espasticidade menor será o nível de função. Ao contrário disto, a força
é pensada estar diretamente relacionado com a função motora grossa e marcha, ou
seja, quanto maior será a força maior será o nível de função.
Muitas pesquisas têm documentado a força de pacientes com danos cerebrais e
demonstrado fraqueza muscular, todavia ainda não está claro se é a
espasticidade, fraqueza, ou a combinação das duas que pode ser a causa dos déficits
observados em crianças com PC.
Das diversas dificuldades funcionais na PC destaca-se a marcha (incluindo a
velocidade e a resistência) e, portanto melhorar a capacidade de andar é uma
importante meta das intervenções terapêuticas para crianças com paralisia
cerebral.
Há um crescente interesse em estudar a força muscular nestas crianças, uma
vez que tem sido sugerido que a fraqueza muscular tem uma forte associação com
limitações de mobilidade.
Vários trabalhos mostram evidências de que o treinamento resistido melhora a
força muscular em crianças com PC e não causam efeitos adversos sobre a
espasticidade ou amplitude de movimento. No entanto também existem trabalhos que
demonstram que treinamento de força não é eficaz em crianças com PC e outros
que demonstram o aumento da força muscular sem o aumento da capacidade de
caminhar.
O fisioterapeuta que se interessar pelo fortalecimento dos músculos dos
membros inferiores de PC deve lembrar que a criança precisa de um mínimo de amplitude
de movimento para iniciar o treinamento. Além disso, entende-se que o esforço
não deve causar compensações musculares em outras regiões e na ocorrência disto
deve-se pensar que a resistência ou amplitude do movimento podem estar grande
demais.
O inicio do processo é complexo, pois a criança pode ter dificuldade de
entender o procedimento ou não conseguir realizar o movimento isolado
adequadamente, mas um pouco de paciência resolverá a questão. O treinamento
deve continuar em casa diariamente e para isso a participação no processo é
fundamental.
Diante disto iniciou-se o treinamento muscular em pacientes com
PC na nossa Clinica Escola (http://www.fct.unesp.br/#!/graduacao/fisioterapia).
O treinamento consiste em fazer extensão o joelho a partir de uma flexão completa com os pés apoiados (Foto A) numa prancha de madeira ligada numa outra que encontra-se sob o quadril e a coluna lombar por um tudo elástico
Os pés são estabilizados pela mão do terapeuta e que somente após nas
primeiras repetições e moldam adequadamente sobre a madeira. Nos primeiros
movimentos os joelhos tendem se manter aduzidos (Foto B) mas com o
posicionamento e o comando verbal tornam paralelos. A extensão do joelho torna
se mais eficiente com as repetições (Foto C).
O número de repetições e a resistência da espessura do tubo de elástico variam
de conforme a capacidade funcional e a força muscular. A intensidade deverá progredir
com o tempo para proporcionar resistência e força muscular (geralmente
inicia-se com 3 séries de 8-12 repeticões) e deve ser concluída na presença de fadiga.
O modelo de impor uma resistência ao um movimento articular pode variar
conforme a experiência de cada terapeuta (Ex: theraband, polias, halteres)
O fisioterapeuta que atende uma criança com PC deve pensar que além das
manobras de inibição de padrões espásticos e facilitação de movimentos poderá utilizar
o fortalecimento muscular para melhorar a capacidade funcional da criança. É fundamental
avaliar periodicamente o feito da terapêutica.
Por hoje é isto!
Espero que você possa pensar neste assunto e fazer suas considerações
deixando um comentário e compartilhando este post.
Um abraço fisioterapêutico.
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