sábado, 10 de janeiro de 2015

Devo fortalecer os músculos espásticos de crianças com paralisia cerebral?

Prezados Colegas
Espero que estejam bem e com saúde!

A minha postagem hoje será sobre o fortalecimento muscular numa criança com paralisia cerebral.

A paralisia cerebral (PC) é descrita como uma desordem no desenvolvimento do movimento, da postural causando limitação das atividades funcionais devido a distúrbios não progressivos do encéfalo que ocorreram durante o desenvolvimento fetal ou na infância.

O comprometimento motor na PC é multifactorial e inclui problemas tais como contraturas, espasticidade, deformidades ósseas, problemas de coordenação, perda de seletiva do controle motor e a fraqueza muscular, dentre outras. A fraqueza muscular na PC pode ter várias explicações como o déficit na ativação neuronal e recrutamento de unidades motoras como também encurtamento muscular.

Historicamente, a espasticidade foi considerada uma deficiência primária na PC; portanto, a redução da mesma era o foco para a melhora funcional da criança, além disso, será pensado que os músculos espásticos estavam excessivamente forte ou ativo e o fortalecimento não era cogitado, pois poderia aumentar o padrão espástico.

Há muitas discussões sobre a relação entre espasticidade, força muscular e função motora de crianças com PC, além disso, é pensado que a espasticidade é inversamente relacionada com a função motora grossa e marcha, de modo que o maior a espasticidade menor será o nível de função. Ao contrário disto, a força é pensada estar diretamente relacionado com a função motora grossa e marcha, ou seja, quanto maior será a força maior será o nível de função.

Muitas pesquisas têm documentado a força de pacientes com danos cerebrais e demonstrado fraqueza muscular, todavia ainda não está claro se é a espasticidade, fraqueza, ou a combinação das duas que pode ser a causa dos déficits observados em crianças com PC.

Das diversas dificuldades funcionais na PC destaca-se a marcha (incluindo a velocidade e a resistência) e, portanto melhorar a capacidade de andar é uma importante meta das intervenções terapêuticas para crianças com paralisia cerebral.

Há um crescente interesse em estudar a força muscular nestas crianças, uma vez que tem sido sugerido que a fraqueza muscular tem uma forte associação com limitações de mobilidade.

Vários trabalhos mostram evidências de que o treinamento resistido melhora a força muscular em crianças com PC e não causam efeitos adversos sobre a espasticidade ou amplitude de movimento. No entanto também existem trabalhos que demonstram que treinamento de força não é eficaz em crianças com PC e outros que demonstram o aumento da força muscular sem o aumento da capacidade de caminhar.

O fisioterapeuta que se interessar pelo fortalecimento dos músculos dos membros inferiores de PC deve lembrar que a criança precisa de um mínimo de amplitude de movimento para iniciar o treinamento. Além disso, entende-se que o esforço não deve causar compensações musculares em outras regiões e na ocorrência disto deve-se pensar que a resistência ou amplitude do movimento podem estar grande demais.

O inicio do processo é complexo, pois a criança pode ter dificuldade de entender o procedimento ou não conseguir realizar o movimento isolado adequadamente, mas um pouco de paciência resolverá a questão. O treinamento deve continuar em casa diariamente e para isso a participação no processo é fundamental.

Diante disto iniciou-se o treinamento muscular em pacientes com PC na nossa Clinica Escola (http://www.fct.unesp.br/#!/graduacao/fisioterapia).

O treinamento consiste em fazer extensão o joelho a partir de uma flexão completa com os pés apoiados (Foto A) numa prancha de madeira ligada numa outra que encontra-se sob o quadril e a coluna lombar por um tudo elástico

Os pés são estabilizados pela mão do terapeuta e que somente após nas primeiras repetições e moldam adequadamente sobre a madeira. Nos primeiros movimentos os joelhos tendem se manter aduzidos (Foto B) mas com o posicionamento e o comando verbal tornam paralelos. A extensão do joelho torna se mais eficiente com as repetições (Foto C).

O número de repetições e a resistência da espessura do tubo de elástico variam de conforme a capacidade funcional e a força muscular. A intensidade deverá progredir com o tempo para proporcionar resistência e força muscular (geralmente inicia-se com 3 séries de 8-12 repeticões) e deve ser concluída na presença de fadiga. O modelo de impor uma resistência ao um movimento articular pode variar conforme a experiência de cada terapeuta (Ex: theraband, polias, halteres)

 A pérola fisioterapêutica desta postagem norteia-se em:

O fisioterapeuta que atende uma criança com PC deve pensar que além das manobras de inibição de padrões espásticos e facilitação de movimentos poderá utilizar o fortalecimento muscular para melhorar a capacidade funcional da criança. É fundamental avaliar periodicamente o feito da terapêutica.

Por hoje é isto!

Espero que você possa pensar neste assunto e fazer suas considerações deixando um comentário e compartilhando este post.

Um abraço fisioterapêutico.

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