domingo, 30 de agosto de 2015

Fisioterapia e dança no parkinsoniano


Prezados Colegas e alunos

Espero que estejam bem e com saúde!

A minha postagem hoje será sobre a experiência com um treino de dança com parkinsonianos.

Doença de Parkinson (DP) é uma doença neuro degenerativa e progressiva que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Estima-se que 1-2% da população mundial apresenta a DP, podendo estes valores chegar a aproximadamente 8%, quando analisados idosos institucionalizados. É uma doença crônica e acomete mais frequentemente pessoas com idade entre 50 a 70 anos.

Os sinais e sintomas da DP são: a) bradicinesia, que consiste na diminuição dos movimentos espontâneos, especialmente os automáticos; b) rigidez muscular; c) tremor de repouso, que desaparece ao movimento voluntário; e d) instabilidade postural; d) fraqueza muscular; e) déficit na marcha, com pequenos passos e sem movimentos dos membros superiores; f) déficit de equilíbrio dentre outros. Estes déficits contribuem para a redução e perda da independência e autonomia na realização das atividades da vida diária, maior risco de quedas, osteoporose, doenças cardiovasculares e inatividade física.

A dança tem sido apresentada como uma forma de exercício para as pessoas com DP, especialmente para aqueles que são recém-diagnosticados ou que têm gravidade leve a moderada. A dança pode ter um impacto positivo, pois estimula a mobilidade, o equilíbrio e a coordenação, melhora a iniciação de movimentos, além de reduzir os sintomas depressivos e estimular a socialização.

A dança muitas vezes envolvem tarefas que desafiam a coordenação e flexibilidade do corpo, ela exige uma ampla gama de qualidades de movimento, e dependendo do estilo altera a postura e pode desencadear um processo mudança de estrutura do corpo dando uma maior estabilidade e funcionalidade.

O medo de cair é muito comum e pode causar diminuir auto estima e aumentar a ansiedade, e a dança  pode ajudar melhorar a auto confiança.

A Associação Americana de Terapia de Dança define a terapia com dança como ''a utilização psicoterapêutica do movimento para promover a integração emocional, cognitivo, físico e social do indivíduo'' e, portanto a dança é uma ferramenta terapêutica para parkinsonianos e pode ser visto como uma forma alternativa de atividade física e exercício físico.

Diversos mecanismos podem influenciar o sistema músculo esquelético a partir da dança. A exemplo disto foi observado o aumento da atividade dos gânglios da base, particularmente o putâmen de bailarinos amadores de tango e este aumento poderia melhorar a capacidade funcional de parkinsonianos.

Existem estudos que mostraram que tango é um gênero de dança benéfico para as pessoas com DP, pois reduz a gravidade do comprometimento motor, melhora o equilíbrio, a mobilidade funcional e resistência física a participação e qualidade de vida. O tango é tido com um bom modelo porque estimula o equilíbrio dinâmico, a iniciação do movimento, as múltiplas direções, variações rítmicas e velocidade o que não pode ser evidenciado tão claramente em outras formas. A literatura não contra indica outros gêneros, pois o benefício da dança inclui a cultura têm um significado adicional para as pessoas.

A maior parte da literatura demonstra que 1 hora de dança é um tempo interessante, porém é necessário mais estudos para confirmar. Além disso, a frequência de aulas semanais pode ser uma consideração importante. Mais do que uma aula por semana pode ser necessário para ser obter melhores resultados. Os estudos demonstra duração de intervenções de dança de 2 semanas a 12 meses. Intervenções duração mais longa podem ser mais benéficas, com melhoras. Os diferentes estágios da DP vão demonstrar respostas e resultados diferentes.


Diante deste cenário teórico resolvemos treinar a dança em nossos pacientes com um determinando gênero musical. No primeiro encontro nos reunimos numa sala e apresentamos a ideia/projeto de treinarmos durante 3 meses, duas vezes por semana durante 15 minutos após a fisioterapia em grupo. Discutiu-se ainda que no final deste período faríamos um vídeo para que fosse exposto na internet. Neste encontro apresentamos o vídeo original que treinaríamos e os prováveis passos que executaríamos no nosso projeto.

                   Vídeo - resultado final do treino com dança:


Vídeo - resultado final do treino com dança com canto associado:




Cada passo foi apresentado de forma segmentada a cada sessão de fisioterapia em grupo. A música somente era introduzida após a compreensão do passo. A cada sessão treinava se o passo anterior antes de introduzir o novo passo. No final do período todos os passos estavam treinados e a coreografia montada. Antes da filmagem foram confeccionadas camisetas e entregues a cada participante. Aqueles que quiseram participar da filmagem assinaram a autorização da divulgação das imagens.

Os pacientes tratados neste grupo são avaliados periodicamente, todavia este projeto não visou avaliar a melhora motora funcional neste período e sim qualificar melhor o processo terapêutico. O exemplo disto é que estes mesmos pacientes estão treinando outra música com outros passos. 

A experiência é enriquecedora e neste projeto pode-se observar as dificuldades na aquisição dos movimentos propostos e a evolução de muitos deles, além da satisfação e bem estar que o projeto gerou tanto nos pacientes como nos alunos e professores.

Este projeto foi organizado pelas alunas de graduação em fisioterapia Ana Luisa Bodstein, Daniela Lari Chedid, Fabiana Araujo Silva e Samira Pinas sob a coordenação dos Prof. Dr. Augusto Cesinando de Carvalho e Lúcia Martins Barbatto do curso de graduação em fisioterapia da FCT-UNESP, campus de Presidente Prudente, SP.

A pérola fisioterapêutica desta postagem norteia-se em:

A fisioterapia em grupo ou individual associada a dança pode ser adotada por fisioterapeutas, pois aumenta o leque de informações sensórios motoras aos parkinsonianos melhorando a habilidade motora e a qualidade de vida.

Por hoje é isto!

Espero que você possa pensar neste assunto, utilizar em seus pacientes e fazer suas considerações deixando um comentário e compartilhando este post.

Um abraço fisioterapêutico.
Augusto Cesinando

Sugestão de bibliografia
1.McNeely ME, Duncan RP, Earhart GM. A comparison of dance interventions in people with Parkinson disease and older adults. Maturitas. 2015 May;81(1):10-6.
2.Shanahan J, Morris ME, Bhriain ON, Saunders J, Clifford AM. Dance for people with Parkinson disease: what is the evidence telling us? Arch Phys Med Rehabil. 2015 Jan;96(1):141-53.
3.McGill A, Houston S, Lee RY. Dance for Parkinson's: a new framework for research on its physical, mental, emotional, and social benefits. Complement Ther Med. 2014 Jun;22(3):426-32. 



domingo, 23 de agosto de 2015

Fisioterapia em grupo no formato de circuito de treinamento

Prezados Colegas e alunos

Espero que estejam bem e com saúde!

A minha postagem hoje será sobre a prática de tarefas orientadas em fisioterapia em grupo no formato de circuito de treinamento.

A reabilitação visa reduzir a incapacidade para otimizar o desempenho de tarefas diárias, todavia muitos pacientes apresentam deficiências motora funcionais crônicas. Muitas pessoas podem caminhar de forma independente; no entanto, apenas uma pequena proporção pode andar com velocidade suficiente e resistência para habilitar-se a caminhar efetivamente na sua comunidade.

A intensificação da atividade física impulsiona a recuperação funcional após um acidente vascular cerebral (AVC), e há fortes evidências de que quanto mais tempo se gasta em terapia específica para a tarefa melhores resultados funcionais serão alcançados. Além disso, muitas repetições de tarefas específicas têm mostrado facilitar positivamente a neuroplasticidade em sobreviventes de AVC.

Métodos terapêuticos que forneçam uma quantidade maior da terapia baseada em tarefas específicas na recuperação funcional são bem aceitos. A fisioterapia em grupo no formato de circuito de treinamento (FGCT) é um modelo de terapia com tarefas específicas e tem demonstrado ser um meio muito eficaz e com uma boa relação custo benefício(1, 2).

Fornecer terapia para tarefas específicas a grupos de hemiparéticos tem sido proposto como um método de aumentar a quantidade de tempo que as pessoas passam ativamente empenhados numa tarefa. Outros benefícios da terapia de grupo incluem o apoio dos pares e interrelação social bem como a economia de custos para o sistema de saúde.

Após estudos estabelecemos um modelo de FGCT no Centro de Estudos e Atendimentos em Fisioterapia e Reabilitação (CEAFIR) na UNESP, campus de Presidente Prudente.

A FGCT é composto de estações são espaços montados com graus de dificuldades diferentes na realização do exercício. São utilizados bastões, cadeiras, escada e rampa, cones, mapas de sinalização na construção das estações.


A figura abaixo apresenta as tarefas específicas das estações 1, 3 e 4.


1ª Estação: Paciente sentado numa cadeira com as mãos entrelaçadas deve fazer flexão de ombro com flexão completa de tronco até tocar ao chão em seguida fazer a rotação de tronco.
3ª Estação: Paciente em pé com as mãos entrelaçadas deve fazer a flexão completa de ombro esticando uma corda elástica.
4ª Estação: Paciente em pé segurando uma barra deve baixar até próximo ao chão, tornozelos.

A figura abaixo apresenta as tarefas específicas das estações 2, 5 e 6.


2ª Estação: Três círculos de 15 cm formando um triângulo são colados na parede a 120 cm do chão. O paciente deve tocar cada círculo com as mãos entrelaçadas.
5ª Estação: Três círculos de 15 cm formando um triângulo são colados na parede no chão. O paciente deve tocar cada círculo utilizando um bastão com as mãos entrelaçadas. O paciente deve ficar o mais distante possível.
6ª Estação: Três círculos de 15 cm formando um triângulo são colados na parede a 220 cm do chão. O paciente deve tocar cada círculo utilizando um bastão com as mãos entrelaçadas.

A figura abaixo apresenta as tarefas específicas das estações 7, 8, 9 e 10.


7ª Estação: Um espaldar em frente ao paciente. Na posição ortostática numa das barras o paciente fazer a dorsoflexão e flexão plantar.
8ª Estação: Uma barra paralela Na posição ortostática segurando na barra o paciente deve andar lateralmente pulando cada obstáculo no chão.
9ª Estação: Uma escada de madeira com 5 degraus que termina numa plataforma de 90 x 90 cm e seguida inicia uma rampa de 6 graus de inclinação. O paciente deve subir pela escada e descer pela rampa e vice versa.
10ª Estação: Um bastão e dois círculos pregados no chão. O paciente em pé segurando um bastão com as mãos entrelaçadas faz o movimento de rotação de tronco acertando cada círculo.

No início de cada sessão de FGCT são distribuídos cartões com o número da estação que cada hemiparético irá iniciar a sua atividade. A distribuição ocorre para ter uma melhor organização da dinâmica, além de estimular a cognição, a organização pessoal e a noção espacial. São alocados no máximo 2 pacientes em cada estação.

As estações podem ser mudadas de posição para melhorar a capacidade de resolução de problemas espaciais.

O tempo em que os hemiparéticos ficam em cada estação é de 2 minutos e ao final trocam de estações, ou seja, quem estava na estação número 1 é encaminhado para a estação número 2 e assim sucessivamente. Todo esse processo ocorre durante 1 hora e cada paciente passa pela mesma estação mais de uma vez. O fisioterapeuta pode introduzir a contagem do número de repetições, além pode dar um tempo de descanso entre as estações.

A FGCT é considerada um programa de intervenção terapêutica adaptada com foco na prática de tarefas específicas funcionais fornecida a mais de 2 participantes com semelhante ou diferentes graus de capacidade funcional. 

O interessante desta terapia é que ela desenvolve a responsabilidade do hemiparético coordenar seu movimento e a qualidade do mesmo, além da oportunidade de se comparar com o seu parceiro de estação.

O progresso dos participantes deve ser continuamente monitorado com escalas de avaliações e atividades são adaptadas conforme necessário.

A progressão do grau de dificuldade pode ser realizada periodicamente. Cada estação pode ser elaborada pelo fisioterapeuta para atender a demanda dos seus pacientes.

A experiência alcançada com este modelo terapêutico nos permite afirmar que os hemiparéticos apresentam-se motivados durante as atividades propostas e demonstram satisfeitos com a terapia, pois participam efetivamente durante das tarefas, além disso, o tratamento proporciona uma interação social entre hemiparéticos e também pode ser interpretado como um estímulo durante esta a prática de exercícios funcionais repetidas vezes.

Podemos inferir que os hemiparéticos tem uma maior possibilidade de melhorar a mobilidade e autonomia funcional. Os exercícios utilizados durante as terapias parecem exigir mais fisicamente do que àqueles utilizados durante as terapias convencionais. Além disso, é um espaço terapêutico seguro, viável e aplicável em hemiparéticos crônicos, que pode ser oferecido ao paciente no momento da alta da fisioterapia convencional, dando lhe a oportunidade de se manterem ativos e de se adaptarem às suas limitações, evitando a progressão das suas incapacidades e sedentarismo.

A pérola fisioterapêutica desta postagem norteia-se em:

A fisioterapia em grupo no formato de circuito de treinamento de tarefas específicas é uma possibilidade a mais que o fisioterapeuta tem para oferecer aos seus pacientes para melhorar a habilidade motora e a qualidade de vida do paciente.


Por hoje é isto!
Espero que você possa pensar neste assunto, utilizar em seus pacientes e fazer suas considerações deixando um comentário e compartilhando este post.


Um abraço fisioterapêutico.

Bibliografia sugerida:

1.    Dean CM, Richards CL, Malouin F. Task-related circuit training improves performance of locomotor tasks in chronic stroke: a randomized, controlled pilot trial. Arch Phys Med Rehabil. 2000 Apr;81(4):409-17
2.    English C, Hillier S. Circuit class therapy for improving mobility after stroke: a systematic review. J Rehabil Med. 2011 Jun;43(7):565-71.
3.   English C, Bernhardt J, Crotty M, Esterman A, Segal L, Hillier S. Circuit class therapy or seven-day week therapy for increasing rehabilitation intensity of therapy after stroke (CIRCIT): a randomized controlled trial. Int J Stroke. 2015 Jun;10(4):594-602.

domingo, 7 de junho de 2015

Expectativas do paciente e da família sobre o tratamento.

Prezados  Alunos e Colegas Fisioterapeutas

Espero que estejam bem e com saúde!

A minha postagem hoje será sobre as expectativas do paciente e da família sobre o tratamento.

Quando recebemos um paciente em nossas clínicas e consultórios, para uma avaliação devemos pensar que ele e sua família têm uma expectativa sobre o tratamento e a doença.
Muitos deles não tiveram nenhuma explicação sobre a patologia e seu prognóstico.
Todo profissional deveria esclarecer ao paciente e sua família as características da doença, sua evolução e o prognóstico, além disso, quais avaliações e procedimentos terapêuticos serão utilizados.
Diante disto, os itens abaixo descreverão aspectos que podem ser considerados neste processo de avaliação e tratamento do paciente em nossas clínicas:

1-Desorientação diante do diagnóstico

O paciente tem o direito de saber sobre sua doença e como ela ocorreu em seu organismo.
Há necessidade de esclarecer como ocorre os sinais e sintomas, quais estruturas foram lesadas e como estas estruturas se apresentam durante o processo de lesão e a forma que ela se recupera.
Muitos pacientes não têm conhecimento do processo patológico e criam fantasmas sobre a doença. Todavia, algumas famílias optam pelo sigiloso da doença ou pedem para que o terapeuta não mencione nada sobre o prognóstico.
Cabe ao terapeuta perceber se o paciente está preparado para conversar sobre o assunto. Por isso, deve-se perguntar para o paciente se ele quer discutir o assunto, cabe ao terapeuta decidir a quantidade do conteúdo e o melhor momento.

2- Despersonalização do paciente

Muitos pacientes passaram suas vidas trabalhando e sendo bastante ativos e donos de suas próprias decisões.
Após a lesão eles passam ser tratados como crianças e o próprio terapeuta utiliza termos que reforçam este comportamento de cuidadores e familiares:

“  ... vou pegar sua mãozinha, ... seu pezinho,  ... toma a sua aguinha”

Cabe ao terapeuta orientar cuidadores e familiares que este comportamento deve ser mantido tão somente se o mesmo ocorria antes da lesão, pois isto pode redimensionar a concepção que o paciente tem da sua própria doença.
O que o paciente precisa é de respeito, cuidado e carinho.
Tratar disto com a família e os cuidadores é um processo complexo e delicado e cabe ao terapeuta avaliar o melhor momento para discutir. Quando for abordar o assunto deve fazer com cuidado, pois a família pode estar muito fragilizada e num processo de adoecimento muito intenso.
O terapeuta deve considerar o encaminhamento para um psicólogo.

3- Considerar a possibilidade de não obter a cura

O terapeuta precisa analisar qual é o melhor momento para informar o prognóstico. Muitos pacientes chegam em nossas clínicas e consultórios sem o prognóstico de seus médicos e as famílias criam expectativas de funcionalidades que não vão existir.
É muito comum famílias chegarem com seus familiares após um acidente vascular grave, uma lesão medular completa, uma paralisia cerebral querendo saber quando vão andar, mexer a mão, correr dentre outras funcionalidades.
É importante saber o que o paciente e sua família conhecem sobre o prognóstico e o que o médico disse para eles.
Já recebi pacientes que lhes foram dadas esperanças falsas e fantasiosas.
Dar a nossa opinião com cuidado baseados na ciência, na casuística é muito importante para não criarmos um transtorno profissional e pessoal.
Ser co-responsável com o médico pode ser uma atitude saudável e diante da divergência do prognóstico, o interessante é solicitar a informação oficial para o clínico responsável pela informação.

4- O desconforto da incapacidade

A incapacidade é um sintoma muito angustiante. O terapeuta precisa ser solidário ao seu paciente e aos familiares.
A incapacidade encontra obstáculos funcionais e estruturais/arquitetônicos.
Raras famílias e residências estão preparadas para receber um paciente com uma deficiência. O terapeuta precisa orientar a família sobre o assunto e ajudá-los cria soluções práticas para ter uma vida mais adequada.
Cabe ao terapeuta solicitar um terapeuta ocupacional para coordenar o assunto.
Muitos pacientes trazem sintomas de formigamento, amortecimento, dor, ansiedade e até desespero diante da incapacidade. Quanto mais este paciente for orientado da sua condição incapacitante, melhor será o processo de adaptação e poderá ocorrer de forma mais rápida, independentemente do prognóstico.
Cabe ao terapeuta em conjunto com seu paciente buscar soluções de adaptações diante da incapacidade.

5- O impulso de animar o paciente e sua família

Familiares podem não ter a dimensão da incapacidade do paciente e julgar que estímulos excessivos (positivos e negativos) poderão facilitar o processo de recuperação.
Muitos destes familiares não têm conhecimento suficiente para entender os sinais e sintomas e que os mesmos independem da vontade do paciente.
Muitos dos meus pacientes relatam que familiares querem que eles reajam e tenham comportamentos anteriores a sua doença, como andar rápido, fazer trabalhos na casa, não curvar-se para frente, não tremer, não arrastar a perna, etc.
Cabe ao terapeuta esclarecer que alguns sinais e sintomas das doenças podem ser amenizados e até desaparecer enquanto que outros podem permanecer para sempre e ou progredir.
Além disso, deverá orientar que os exercicios de casa são importantes para que estes sinais e sintomas sejam controlados ou até eliminados.
O terapeuta também deverá orientar que a família deve criar um ambiente que proporcione condições de uma vida funcional mais fácil, mesmo quando a carência econômica é alta.

6- Conhecer as capacidades funcionais

O paciente com incapacidade muitas vezes tem um suporte tão grande que impede que ele tenha ou busque uma vida funcional.
Muitos dos meus pacientes relatam passar grande parte do dia sentado em sofás em frente à televisão e que todas as refeições são realizadas ali.
Cabe ao terapeuta colher do paciente as atividades que ele executa durante 24 horas e co-responsabilizá-lo do seu sedentarismo, além disso, propor uma mudança de comportamento com atividades que ele deve executar ao longo do dia.
As tarefas devem estimular suas capacidades funcionais existentes e progressivamente exigir novas competências. Sobre este item destaca-se ainda:
O terapeuta dever criar intervenções para aumentar a auto confiança do paciente:
a) fazer o indivíduo enfrentar e vencer uma situação que é vista como ameaçadora;
b) apresentação de um modelo a ser seguido – exemplo: ver outros hemiplégicos realizando exercícios pode aumentar a confiança;
c) convencer o indivíduo de que é capaz de realizar a atividade;
d) executar testes que permitam a identificação do nível de capacidade atual e propor objetivos a serem alcançados;
e) dar esclarecimento da realidade que deverá ser trabalhada, através de discussões sobre a incapacidade, sobre o medo da discriminação, da valorização excessiva das perdas funcionais dentre outros assuntos.




A pérola fisioterapêutica desta postagem norteia-se em:

O conhecimento da nova realidade física funcional do paciente após uma lesão é responsabilidade do terapeuta e pode ser considerada como uma abordagem fisioterapêutica importante para melhorar a habilidade motora e a qualidade de vida do paciente.

Por hoje é isto!
Espero que você possa pensar neste assunto, utilizar em seus pacientes e fazer suas considerações deixando um comentário e compartilhando este post.


Um abraço fisioterapêutico.
Augusto Cesinando

domingo, 31 de maio de 2015

Task-oriented training - Treino de tarefas orientadas.

Prezados Colegas e alunos

Espero que estejam bem e com saúde!

A minha postagem hoje será sobre Task-oriented training -  Treino de tarefas orientadas.

A Task-oriented training é uma intervenção promissora para a recuperação motora e tem sido descrita em vários trabalhos com resultados que necessitam ser considerados na nossa prática fisioterapêutica.

A técnica é uma estratégia de reabilitação para melhorar a habilidade motora através do desempenho/treinamento de uma tarefa funcional como alcançar, agarrar, levantar, sentar repetidas vezes durante uma sessão de fisioterapia.

A técnica envolve o movimento do corpo e seus segmentos no espaço e no tempo e, portanto é necessária a adaptação espaço-temporal do paciente ao meio ambiente. A interação com o ambiente é importante para capacitar o paciente e para que a terapia não seja apenas uma execução de exercícios sem propósito ou objetivo funcional.

Determinar se esta técnica é eficaz tem sido o objetivo de muitos autores e isto depende, em parte, da compreensão da quantidade necessária para melhorar o desempenho  funcional.

A dosagem não é um termo muito utilizado na prescrição de exercícios em neurologia, embora vem sendo considerado em pesquisa e também em ambientes clínicos.

A frequência e a duração de uma intervenção podem e devem ser quantificadas quando da sua execução tanto no ambiente clínico como na casa do paciente. A intensidade que consiste na concentração do ingrediente ativo do exercício durante o tempo da tarefa é um conceito também pouco discutido, no entanto é de fundamental importância no resultado final da terapêutica. 

As fotos a seguir mostram o treinamento de atividades funcionais com uma criança com sequelas de paralisia cerebral. 

A figura 1 demonstra o movimento da bola ou do rolo com os membros inferiores - a extensão e a flexão dos joelhos e quadris com os pés apoiados na bola. A seguir com a perna apoiada no rolo fazer a ponte e com o pé apoiado no mesmo rolo fazer a flexão e extensão do joelho (figura 1). A bola e o rolo podem servir de facilitadores do movimento e também quando impedidos de se moverem tornam-se resistência.



Na figura 2, a criança senta na bola e os pés são colocados sobre o joelho alternadamente e a seguir as mãos são levantadas. O terapeuta pode auxiliar os movimentos para que haja melhor desempenho e o paciente se sinta mais feliz com a atividade.



Na figura 3, a criança sentada na bola flete a coluna e apoia as mãos no chão. O movimento pode dar insegurança e precisa ser progressivo e encorajado.



Na figura 4, a criança esta treinando sentar e ficar em pé. Observa-se que o terapeuta precisa facilitar a extensão do joelho. As mãos da criança estão no ombro do terapeuta para dar segurança e estabilidade no tronco.



Os Task-oriented training apresentados são realizados várias vezes durante uma sessão (exemplo 10 vezes). Quando a manobra não é totalmente realizável na sua totalidade, o terapeuta deve facilitar a função. Quando a função não é realizável o terapeuta deve eleger uma outra manobra ou mudar a terapêutica.


A pérola fisioterapêutica desta postagem norteia-se em:

A Task-oriented training é uma abordagem fisioterapêutica importante para melhorar a habilidade motora da repetição de uma tarefa funcional.

Por hoje é isto!
Espero que você possa pensar neste assunto, utilizar em seus pacientes e fazer suas considerações deixando um comentário e compartilhando este post.

Um abraço fisioterapêutico.




Sugestão de leitura: